Quem estava lá naquela noite nunca esqueceu. O clima era de uma ansiedade que dava até frio na barriga, mas também uma alegria contagiante que tomou conta de toda Campo Grande. Era 11 de outubro de 1977, uma terça-feira que entraria para a história como o dia em que Mato Grosso do Sul deixou de ser um sonho distante para se tornar realidade.
As câmeras da TV Morena — que na época ainda era uma rede — capturaram cada momento dessa celebração épica. E olha, não foi pouca coisa. A festa começou cedo e só foi terminar no dia seguinte, com milhares de pessoas nas ruas, bandeiras sendo hasteadas e discursos emocionados que prometiam um futuro brilhante para o novo estado.
O dia em que tudo mudou
Às vésperas da sanção da lei pelo então presidente Ernesto Geisel, a população já sentia no ar que algo grandioso estava prestes a acontecer. A verdade é que a divisão do antigo Mato Grosso vinha sendo discutida há décadas — uns diziam que era necessário, outros torciam o nariz — mas naquele outubro de 77, a concretização finalmente chegava.
E que chegada! As imagens de arquivo mostram uma cidade transformada em um grande carnaval cívico. Carreatas com carros decorados, pessoas abraçando estranhos nas calçadas, fogos de artifício iluminando o céu noturno. Parecia que todo mundo tinha ganho na loteria.
Memórias que resistem ao tempo
Quase meio século depois, esses registros em vídeo são mais do que documentos históricos — são testemunhas de um momento único onde a identidade sul-mato-grossense nascia diante das câmeras. Dá para ver nos rostos das pessoas aquela mistura de alívio e esperança, sabe?
Os mais jovens talvez não dimensionem o que significava, na prática, deixar de ser "o sul de Mato Grosso" para se tornar "Mato Grosso do Sul". Era sobre ter suas próprias políticas, administrar seus recursos, construir sua própria história. E tudo isso começou naquela festa que parecia não ter fim.
Ah, e tem um detalhe curioso: muitos dos que estavam nas ruas naquele dia hoje são avós que contam para os netos como foi viver esse marco histórico. É como se um pedaço importante da nossa história tivesse sido preservado não só em documentos, mas na memória afetiva de quem fez parte dela.
Quase cinquenta anos se passaram, mas a emoção daquela noite — capturada com aquele jeito característico da TV dos anos 70 — continua viva. Quem revê essas imagens hoje dificilmente não sente um calafrio ao perceber que estava testemunhando o nascimento de uma nova era para essa terra.
