
Não foi só o frio serrano que arrepiava na noite de abertura do 52º Festival de Cinema de Gramado. Rodrigo Santoro — aquele mesmo que já conquistou Hollywood — roubou a cena com a estreia de O Último Azul, filme que já nasce como forte candidato a levantar taças nesta edição.
O cara chegou despretensioso, de jeans e blazer, mas não engana ninguém: quando o assunto é atuação, Santoro joga no modo "vou te surpreender". E surpreendeu. O drama, que mistura elementos de realismo mágico com críticas sociais afiadas, arrancou aplausos de pé do público — e olha que a plateia de Gramado não é nada fácil de impressionar.
Por trás das câmeras
Nos bastidores, o clima era de festa, mas também daquela tensão gostosa que só artista entende. "A gente fica ali, suando frio, torcendo pra não dar pau na projeção", confessou o diretor entre um gole de espumante e outro. E não deu. A sessão correu redonda, e o que se viu foi cinema brasileiro da melhor qualidade.
Detalhe curioso: parte das filmagens aconteceu em locações improváveis no interior gaúcho. "Tem cena que gravamos num armazém abandonado que parecia cenário de filme de faroeste", revelou o protagonista, rindo da própria piada.
Kikito na mira?
Agora é torcer — e o burburinho nos corredores do evento sugere que o longa tem tudo pra brigar pelo cobiçado Kikito. "Se depender da emoção que a gente viu hoje, tá com a faca e o queijo na mão", opinou uma crítica que prefere não se identificar antes da votação oficial.
Enquanto isso, Santoro — sempre discreto — já pensa nos próximos projetos, mas não esconde o carinho por essa obra: "É daquelas histórias que ficam martelando na sua cabeça meses depois". E pelo jeito, vai martelar na nossa também.