
O coração da cultura paraense bateu mais fraco nesta segunda-feira. E não era pra menos — o Museu do Estado do Pará, aquele casarão histórico que já viu de tudo, abria suas portas para uma despedida das pesadas. Lá dentro, repousava Mestre Damasceno, um nome que dispensa apresentações pra quem conhece as raízes do estado.
Não foi um adeus qualquer. Longe disso. A cerimônia, marcada para as 14h, parecia mais um encontro de gerações do que um velório tradicional. Gente de todo canto — artistas, políticos, jovens que cresceram ouvindo falar do mestre — todos ali, num misto de respeito e nostalgia.
Um legado que não se apaga
Damasceno não era só mais um nome. Era, como diriam os mais antigos, um "enciclopédia viva" da cultura local. Quase oito décadas de vida e boa parte delas dedicadas a manter viva a chama das tradições que muitos teimam em esquecer. Ele simplesmente era parte da paisagem cultural de Belém.
E olha, não me venham com essa história de que "ninguém é insubstituível". Porque tem gente que é. E a falta que Damasceno vai fazer? Bem, isso só o tempo — e a cena cultural daqui — vão poder contar.
O silêncio que fala mais que palavras
Dentro do museu, o clima era daqueles que a gente não esquece. Um silêncio respeitoso, quebrado apenas por sussurros e histórias compartilhadas em voz baixa. Cada pessoa ali carregava uma lembrança, um pedaço do que Damasceno representou em suas vidas.
Até as paredes do casarão histórico pareciam entender a importância do momento. Quantas personalidades já não passaram por ali? Mas essa… essa despedida tinha um gosto especial de saudade.
E enquanto o corpo do mestre seguia para o crematório do Cemitério Parque da Paz, em Bengui, uma certeza ficava no ar: algumas pessoas partem, mas seu legado — ah, esse fica. E como fica.
O Pará perdeu mais que um filho hoje. Perdeu um pedaço vivo de sua história. Mas, como bem sabem os que entendem de cultura, nada se perde — tudo se transforma em memória. E Damasceno? Esse vai virar lenda.