
Não foi só o público que se arrepiou na noite desta quarta-feira (6) em Uberlândia. O próprio Lenine — sim, aquele da voz que embala gerações — confessou: "Minas me pega no susto toda vez", soltou entre uma música e outra, como quem divide um segredo com velhos amigos.
E que estreia! Pela primeira vez no Festival Timbre, o artista transformou o palco num living room ampliado. Violão na mão, histórias na ponta da língua e aquela cumplicidade que só quem já pisou em chão mineiro reconhece.
Da plateia ao palco: um bate-papo musical
Quem esperava só um show se surpreendeu. Entre "Hoje Eu Quero Sair Só" e "Jack Soul Brasileiro", Lenine puxava assunto como se estivesse na varanda de alguma república de Ouro Preto:
- "Vocês sabem que eu quase virei mineiro, né?" — provocou, referindo-se às temporadas gravando no estado
- "Aqui a música escorre pelo chão de tanto que é vivida" — filosofou entre dois acordes
Não deu outra: plateia em pé antes mesmo do bis. E quando aquele riff de "Na Pressão" começou? Nem precisamos contar — o estádio virou um caldeirão de vozes desafinadas (no melhor sentido possível).
Por trás do cenário
Em entrevista rápida nos bastidores — onde o café mineiro rolou solto, claro — o pernambucano admitiu: "Tenho um caso não declarado com Minas. Aqui as pessoas ouvem música com o corpo inteiro, não só com os ouvidos". Dá pra entender por que escolheu justamente este festival para experimentar novas versões de clássicos.
Detalhe curioso: a cuia de chimarrão que apareceu no palco não estava no script. "Presente de um fã nos camarins. Como negar?", riu, mostrando que até os improvisos em MG têm sabor especial.