Jovens Cineastas do Pará Transformam Sonhos em Telona em Exibição ao Ar Livre | G1
Jovens cineastas do Pará estreiam filmes em sessão ao ar livre

Imagina só: uma tela branca armada debaixo do céu estrelado da Amazônia, cadeiras de plástico enfileiradas na praça, e uma plateia inteira — mães, pais, avós, vizinhos — ansiosa para ver o que os jovens da cidade conseguiram criar. Pois é exatamente isso que aconteceu em Santa Isabel do Pará, a uns 80 km de Belém, na noite desta sexta-feira (22).

Nada de blockbuster de Hollywood, nada de efeitos especiais milionários. A magia veio de onde menos se espera: de adolescentes que pegaram suas próprias histórias, seus medos, suas alegrias e — pasmem — transformaram tudo em cinema de verdade. E olha, não foi só um exercício de escola não. Foi profissional, com direito a telão, som ambiente e aquela expectativa que só estreia de verdade tem.

Do celular para as estrelas (literalmente)

O projeto, uma parceria da prefeitura local com o Instituto Cultural Iacitata, levou oficinas de audiovisual para garotada. E aí, meu amigo, a coisa desandou para o lado criativo. Eles aprenderam tudo: roteiro, captação de som, edição, e o que é mais difícil — como contar uma história que mexe com quem assiste.

Os filmes? Ah, os filmes…

  • “O Sumiço da Menina da Casa Amarela”: um suspense que mistura mistério e drama familiar, tudo rodado nas próprias ruas da cidade.
  • “Medo de Palhaço”: uma comédia leve que aborda, com um humor delicado, as fobias da adolescência.
  • “Meu Melhor Amigo”: um drama emocionante sobre amizade e perda, que — vou confessar — arrancou lágrimas de mais de um espectador.

O mais incrível? Tudo foi filmado com o que tinham à mão. Muitos usaram seus próprios celulares, mostrando que talento e criatividade não dependem de equipamento caro, mas sim de visão e coragem.

Não foi só uma exibição, foi um evento

A praça principal, que normalmente só vê o vai e vem tranquilo de uma cidade do interior, ficou lotada. Parecia até noite de festa junina. Crianças correndo, adultos comentando, todo mundo orgulhoso. “É uma emoção sem igual ver o que esses jovens produziram”, disse uma professora local, visivelmente emocionada. “Isso aqui muda a perspectiva deles sobre o futuro.”

E de fato muda. Projetos assim — que muitas vezes passam despercebidos pelas grandes mídias — são sementes. Mostram para a garotada que suas vozes importam, que suas histórias merecem ser contadas, e que a cultura não é algo distante, que só acontece nas capitais.

É ou não é uma quebra de paradigma e tanto? Enquanto muito se fala em evasão escolar e falta de oportunidades, uma iniciativa simples, mas bem executada, consegue engajar, educar e emocionar uma comunidade inteira.

Quem sabe não surgem daí os próximos grandes nomes do cinema nacional? Uma coisa é certa: a noite de sexta-feira em Santa Isabel do Pará provou, mais uma vez, que a arte é acessível a todos — e que, às vezes, as melhores histórias estão bem ali, na esquina de casa.