
Quem diria que por trás das paredes do Palácio da Cultura Ione Carvalho Souza, em Boa Vista, dormiam histórias que quase caíram no esquecimento. A exposição "Travessia" chegou como um verdadeiro resgate — e que resgate! — da memória teatral e cultural do estado.
Mais de 70 fotografias, programas de espetáculos amarelados pelo tempo, cartazes que viram gerações passarem... Tudo meticulosamente organizado para contar uma narrativa que começou lá nos anos 1970. Parece que foi ontem, mas já se vão décadas de produção cultural que moldaram a identidade artística local.
Um Baú de Tesouros Culturais
O curador Marcelo Pedroso, com aquela paixão contagiante que só quem ama o que faz possui, me contou que a ideia surgiu quase por acaso. "A gente foi garimpando esses materiais e percebeu que tinha nas mãos não apenas documentos, mas pedaços vivos da nossa história", disse ele, com os olhos brilhando.
E não é exagero. A exposição funciona como uma máquina do tempo — das primeiras montagens teatrais ainda tímidas aos grandes espetáculos que lotaram teatros. Uma verdadeira viagem emocionante.
Memória Viva
O que mais me impressionou foi descobrir como grupos como o Trupicão, o Imagem e o Garatuja foram essenciais para a cena cultural local. Essas companhias praticamente escreveram — com suor e talento — capítulos importantes da nossa história artística.
E sabe o que é mais bonito? A exposição não se limita a mostrar o passado. Ela provoca, questiona, nos faz pensar sobre como preservamos nossas tradições culturais hoje em dia. Num mundo tão digital, às vezes esquecemos do valor do tangível, do que podemos tocar.
Para Todas as Idades
A abertura, na última sexta-feira, foi um sucesso! Gente de todas as idades — dos mais velhos que viveram aquelas épocas aos jovens curiosos sobre suas raízes — lotaram o espaço. O clima? De pura nostalgia misturada com descoberta.
E olha só: a mostra fica em cartaz até 15 de novembro, com entrada franca. Uma oportunidade de ouro para redescobrir Boa Vista por um ângulo diferente — o ângulo da cultura que resiste, persiste e insiste em nos contar suas histórias.
Quem foi conferir saiu diferente. Não é exagero — é fato. Ver de perto essas relíquias nos conecta com algo maior: nossa identidade coletiva. E num tempo onde tudo passa tão rápido, parar para olhar o passado pode ser justamente o que precisamos para entender nosso presente.