
Imagine mergulhar numa floresta de ideias onde pincéis dialogam com microscópios, e telas vibram ao som do canto dos uirapurus. Pois essa experiência — meio laboratório, meio galeria — desembarca em Manaus no próximo mês, trazida por mentes inquietas de Zurique.
A exposição "Vertigens da Floresta", que já rodou meio mundo (literalmente, passou por Tóquio e Berlim), chega ao Centro Cultural dos Povos da Amazônia com uma proposta ousada: transformar dados científicos em emoção pura. E olha que os organizadores não pegaram leve — trouxeram até um simulador de voo de morcego!
Ciência que vira poesia
Entre as 27 instalações — algumas tão interativas que parecem ter vida própria —, destaque para "Fotossíntese Sonora", onde folhas reais da reserva Ducke geram melodias conforme a intensidade da luz. "É como se a floresta compusesse sua própria trilha", comenta o curador suíço Markus Fischer, que passou seis meses coletando sons na região.
Mas não é só arte para os olhos e ouvidos. Na seção "Pulsar das Águas", sensores captam em tempo real a qualidade do Rio Negro, transformando parâmetros como pH e turbidez numa coreografia de luzes. "Queremos que as pessoas sintam na pele o que os gráficos científicos tentam dizer há décadas", explica a bióloga brasileira Juliana Moraes, cocuradora do projeto.
Para quem pensa que sustentabilidade é só discurso
A parte mais polêmica? Uma instalação feita com 3 toneladas de lixo eletrônico — tudo coletado em Manaus mesmo. "Quando vi aqueles monitores velhos transformados em árvores luminosas, entendi que reciclagem pode ser sublime", confessou uma visitante durante a prévia para imprensa.
E tem mais:
- Obra que usa inteligência artificial para "traduzir" o crescimento de fungos em padrões de tecelagem indígena
- Projeção mapeada que recria o desaparecimento de espécies em velocidade 1.000x mais lenta que a realidade
- Jardim vertical onde cada planta corresponde a uma hashtag sobre a Amazônia no Twitter
Pra quem tá pensando "isso deve ser coisa de nicho", os organizadores garantem: tem explicação em português claro, sem juridiquês científico. Até criança sai de lá entendendo porque uma árvore vale mais em pé que no chão.
Serviço:
Onde: Centro Cultural dos Povos da Amazônia (Av. Silves, 2.222, Distrito Industrial)
Quando: 15/08 a 30/09, terça a domingo, 9h-18h
Quanto: Grátis às terças; R$ 20 (inteira) nos outros dias
Obs: Toda quinta tem visita guiada com os pesquisadores — chegue cedo que esgota rápido!