Macapá está vivendo algo especial neste mês de outubro. E não, não é só pela proximidade do Dia das Crianças — embora isso também conte, e muito. O que está acontecendo na capital amapaense é uma daquelas iniciativas que faz você acreditar que a arte pode, sim, mudar realidades.
Imagine só: arte de rua, aquela que normalmente vemos pintada em muros e paredes, ganhando as paredes de uma galeria. Mas não qualquer galeria — o Espaço de Artes da Universidade Federal do Amapá se transformou num verdadeiro santuário contemporâneo. A exposição "Aparecidas" reúne nada menos que 30 obras, todas inspiradas na figura das santinhas populares que todo mundo conhece.
Mais do que paredes coloridas
O que me chamou atenção — e muito — foi como essa exposição vai além do simples "ver arte". Os organizadores tiveram uma sacada genial: cada visita pode se transformar num gesto concreto de solidariedade. Eles estão aceitando doações de brinquedos e materiais escolares, que depois serão distribuídos para crianças de comunidades carentes. Arte que transforma, literalmente.
"A gente queria fazer algo que não fosse só bonito de se ver", me contou um dos artistas envolvidos, que preferiu não se identificar. "Queríamos que a exposição tocasse as pessoas de verdade, que gerasse algum impacto positivo na vida de alguém." E pelo que estou vendo, estão conseguindo.
Santinhas com cara de povo
As obras em si são um espetáculo à parte. Cada artista interpretou as santinhas populares do seu jeito — algumas mantendo a tradição, outras ousando em releituras mais modernas. Tem Nossa Senhora Aparecida, claro, mas também outras figuras sagradas que povoam o imaginário religioso do brasileiro.
O que mais me impressionou foi como conseguiram equilibrar respeito à tradição com o frescor da arte urbana. Não é todo dia que se vê uma santa com elementos de graffiti, sabe? Mas funciona — e como!
Até quando e como visitar
Para quem ficou interessado — e eu recomendo muito — a exposição fica em cartaz até o dia 18 de outubro. Funciona de segunda a sexta, das 9h às 17h, e a entrada é completamente gratuita. Só não esqueça de levar um brinquedo ou material escolar se puder — faz toda a diferença.
Ah, e tem um detalhe importante: as doações não são obrigatórias para visitar, mas quem contribui leva consigo aquela sensação gostosa de estar fazendo o bem. E no fim das contas, é disso que se trata, não é?
Enquanto caminhava pela exposição, não pude deixar de pensar como iniciativas assim renovam nossa fé — não necessariamente a religiosa, mas aquela fé na capacidade humana de criar coisas belas e, ao mesmo tempo, fazer o bem. Num mundo tão cheio de notícias ruins, ver algo assim aquece o coração.
Macapá está de parabéns. E as crianças que receberão os brinquedos? Bem, essas terão um Dia das Crianças mais feliz — e isso, convenhamos, não tem preço que pague.
