
Parece que São Paulo vai respirar um ar diferente nas próximas semanas. E não é metáfora — é pura realidade cultural chegando com força total. A cidade recebe, a partir de 14 de outubro, uma daquelas exposições que a gente marca na agenda e não pode perder de jeito nenhum.
Estou falando da mostra dedicada a Ailton Krenak, esse brasileiro extraordinário que consegue a proeza de ser, ao mesmo tempo, líder indígena, ambientalista, escritor e pensador de primeira grandeza. O Sesc Pinheiros abrirá suas portas para mais de 90 peças — algumas nunca vistas pelo público — que contam a trajetória dessa figura tão fundamental para entender o Brasil de verdade.
Um Acervo que Fala por Si Só
Quando digo que são mais de 90 itens, pode parecer só número. Mas é muito mais que isso. São fragmentos de uma vida dedicada à resistência, à sabedoria ancestral e à defesa ferrenha da nossa terra. A curadoria, assinada por Carolina Abreu (que tem um olhar afiado para essas coisas), promete nos levar por uma jornada sensorial e intelectual daquelas que ficam na memória.
Você vai encontrar de tudo um pouco: manuscritos originais (aqueles rabiscados à mão, cheios de personalidade), objetos pessoais que carregam histórias, fotografias que congelam momentos decisivos e até produções audiovisuais que dão movimento ao pensamento de Krenak.
Por Que Essa Exposição é Tão Especial?
Olha, não é todo dia que temos a chance de nos aproximar assim de um pensador vivo, atuante, que continua influenciando o debate nacional. Krenak tem essa capacidade rara de conectar saberes tradicionais com questões urgentes do presente — e a exposição captura justamente essa ponte que ele constrói.
O que mais me impressiona é como o acervo consegue mostrar tanto a dimensão pública quanto a pessoal do homem por trás do pensador. São camadas que se revelam aos poucos, convidando o visitante a uma reflexão profunda sobre nosso lugar no mundo.
Programação que Vai Além das Paredes
Agora presta atenção que a coisa fica ainda melhor: a exposição não se limita ao que está nas vitrines. A programação paralela — sempre essencial nesses casos — inclui debates, oficinas e encontros que prometem esquentar a cena cultural paulistana.
- Debates quentes sobre temas que Krenak tanto defende: direitos indígenas, ambientalismo, o futuro da Amazônia
- Oficinas práticas que permitem vivenciar um pouco da cultura que ele representa
- Encontros com especialistas que estudam sua obra e sua trajetória
É daquelas oportunidades raras de sair da superfície e mergulhar fundo nos assuntos que realmente importam.
Um Convite à Reflexão
Num momento onde o mundo parece acelerado demais, parar para contemplar a obra de alguém como Krenak é quase um ato revolucionário. Suas ideias sobre o que ele chama de "futuro ancestral" — essa noção linda de que as respostas para os problemas atuais podem estar no passado — ressoam com uma urgência que dói nos ossos.
A exposição no Sesc Pinheiros, local que sempre acerta na escolha de suas mostras, promete ser daquelas que não apenas entretenham, mas transformem. E cá entre nós, é exatamente disso que precisamos mais: cultura que mexe com a gente, que provoca, que incomoda no bom sentido.
A visitação segue até 25 de janeiro de 2026 — tempo mais que suficiente para planejar sua ida, mas não deixe para a última hora. Essas coisas têm o péssimo hábito de ficar lotadas quando a palavra espalha.