
O programa Altas Horas deste sábado foi pura dinamite linguística, gente. E olha que a gente tá falando de um programa que normalmente é aquela tranquilidade toda, sabe? Mas quando Toni Garrido soltou aquela expressão "vestir as calças" durante uma conversa com a atriz Tatá Werneck, a coisa pegou fogo.
Não deu outra. As redes sociais imediatamente dividiram-se entre quem achou a fala do apresentador profundamente machista e quem defendeu que era apenas uma figura de linguagem, dessas que a gente usa no dia a dia sem nem perceber.
O que exatamente aconteceu?
Toni conversava com Tatá sobre relacionamentos quando comentou: "Às vezes a gente precisa vestir as calças na relação". Pronto. Foi como jogar gasolina na fogueira.
O problema, claro, está na carga histórica dessa expressão. "Vestir as calças" tradicionalmente remete a assumir o controle, tomar as rédeas - algo que, culturalmente, era associado à figura masculina. Enquanto isso, as mulheres "vestiam saias", numa posição de submissão.
Mas será que Toni tinha essa intenção? É aí que a discussão fica interessante.
Dois lados da moeda
De um lado, os críticos argumentam com razão: expressões como essa perpetuam estereótipos de gênero ultrapassados. Num país que ainda luta tanto contra o machismo estrutural, cada palavrinha conta.
Do outro lado, tem quem defenda que Toni usou a expressão no sentido figurado, sem nenhuma conotação machista. Afinal, é uma metáfora que já se incorporou ao vocabulário popular - assim como "chutar o balde" ou "botar a mão na massa".
E aí? Onde traçar a linha entre o machismo consciente e as heranças linguísticas que carregamos sem nem perceber?
Linguagem em transformação
O que esse caso mostra - e isso é fascinante - é como a língua portuguesa está num processo constante de evolução. Expressões que eram consideradas normais há algumas décadas hoje são questionadas, e com razão.
Mas também é verdade que às vezes a gente pode pegar pesado demais na crítica. Será que toda expressão idiomática precisa passar pelo crivo do politicamente correto?
Pensando bem, talvez o mais importante não seja crucificar ninguém, mas usar esses momentos para reflexão. A língua é viva, muda com a sociedade, e debates como esse são sintomas saudáveis dessa transformação.
E o Toni?
O apresentador, até onde se sabe, não se manifestou sobre a polêmica. Mas é curioso notar que ele sempre se posicionou como aliado das causas feministas - o que torna a situação ainda mais complexa.
Será que foi um lapso? Um descuido? Ou simplesmente o uso inocente de uma expressão consagrada?
Difícil dizer. O que importa é que o debate está posto, e isso, no fim das contas, é positivo. Cada discussão dessas nos faz pensar um pouquinho mais sobre como usamos as palavras - e como elas podem machucar ou empoderar.
No mundo ideal, talvez a gente pudesse encontrar metáforas mais inclusivas. Mas enquanto isso não acontece, que pelo menos a gente continue conversando sobre o assunto.