
Quem imagina que criar histórias que conquistam milhões de brasileiros todas as noites é tarefa fácil precisa ouvir o que Rosane Svartman tem a dizer. A mulher por trás de fenômenos como "Amor à Vida" e "O Outro Lado do Paraíso" resolveu abrir o jogo, e que jogo!
A pressão? Imensa. Absurda. Do tipo que te persegue até no silêncio da madrugada. Rosane não usa meias palavras: cada nova novela é como dar à luz um filho sob os holofotes de estádio lotado. Tudo precisa ser perfeito, cativante, surpreendente — e, claro, dar ibope.
O Peso da Audiência e a Crítica Impiedosa
Ela fala com a autoridade de quem está há décadas nessa montanha-russa emocional que é a TV. "A cobrança por números altos é constante", admite, com um tom que mistura resignação e orgulho. Mas vai além: a crítica especializada, muitas vezes feroz, também pesa. É como se cada palavra escrita tivesse que passar por um tribunal invisível antes de chegar aos lares brasileiros.
O que muita gente não entende — e aqui ela solta uma risada que é quase um suspiro — é que criar uma trama envolvente vai muito além de juntar casais apaixonados e vilões caricatos. É psicologia pura, timing impecável e um pouquinho de magia, aquela que não se ensina em curso nenhum.
Os Bastidores que Ninguém Vê
Longe dos holofotes, o processo é solitário. Horas intermináveis em frente ao computador, diálogos que são riscados e reescritos dezenas de vezes, personagens que ganham vida própria e decidem tomar rumos inesperados. Sim, acontece! Às vezes, ela confessa, até assusta.
E não pense que a digitalização mudou tudo. Rosane mantém seus rituais antigos — cadernos espalhados pela casa, ideias anotadas em guardanapos, vozes de personagens ecoando na mente no meio da noite. É um caos organizado, uma loucura metódica que, de alguma forma, funciona.
O Segredo da Longevidade
Como ela faz para se manter relevante depois de tantos anos? A resposta vem rápida: observação. "O brasileiro mudou, a forma de consumir conteúdo também, mas o coração humano continua o mesmo". Ela estuda as ruas, as conversas de botequim, as tendências nas redes sociais. Tudo é matéria-prima.
Mas alerta: seguir modismos cegamente é armadilha certa. O verdadeiro sucesso, acredita, está em equilibrar o novo com o atemporal — dramas familiares, triângulos amorosos, superação. Coisas que, no fundo, todo mundo entende.
E o futuro? Rosane esboça um sorriso misterioso. Novos projetos estão a caminho, é claro. Ela não para. Não pode parar. A televisão, assim como a vida, não espera ninguém. E nós, espectadores, agradecemos por isso.