O telefone tocou cedo. Más notícias sempre parecem escolher as primeiras horas da manhã. Sergio Amado partiu. Aos 77 anos, o coração simplesmente parou em São Paulo. E o silêncio que ficou é daqueles que doem.
Quem trabalhou com ele sabe - a publicidade brasileira perdeu muito mais que um profissional. Perdeu pedaços da própria história. Aquele jeito único de criar, de ver o mundo através das lentes da persuasão inteligente... Isso não se repete.
Uma Vida Entre Ideias e Campanhas
Pensa numa carreira que começou nos tempos em que criar anúncio era quase arte manual. Sergio mergulhou de cabeça nesse universo nos anos 70, e caramba, como ele nadou bem! Fundou a Amado Propaganda em 1979 - um negócio que nasceu pequeno mas cresceu com a ousadia de quem acredita no próprio talento.
O sucesso? Veio naturalmente. Ou melhor, veio com muito trabalho duro. A agência expandiu, abriu filiais, conquistou clientes importantes. Mas o que realmente importava para ele eram as ideias. Sempre as ideias.
O Legado Que Fica
Algumas pessoas deixam marcas tão profundas que continuam vivas nas memórias e nos trabalhos que realizaram. Sergio era assim. Seus colegas lembram do profissional brilhante, é claro, mas também do ser humano generoso.
"Ele tinha uma capacidade incrível de enxergar soluções onde ninguém mais via", conta um ex-funcionário que prefere não se identificar. "E o melhor: compartilhava esse conhecimento com todos. Não guardava segredos."
Nos últimos anos, mesmo com a saúde frágil, manteve aquela chama criativa acesa. Quem conviveu com ele diz que a mente continuava afiadíssima - o corpo é que não acompanhava mais o ritmo.
O Adeus
O velório aconteceu no cemitério Gethsemani, ali no Morumbi. O enterro seguiu para o jazigo da família no mesmo local. Família, amigos, ex-colegas de profissão - todos unidos por uma mesma tristeza, mas também por histórias incríveis para contar.
Deixa esposa, filhos, netos. E deixa também um vazio no mercado publicitário que vai demorar para ser preenchido. Sergio Amado era daqueles raros profissionais que conseguiam equilibrar criatividade e negócios sem perder a humanidade no caminho.
O Brasil da comunicação perdeu um mestre. E os que ficaram, perdem um pouco da inspiração que ele distribuía tão generosamente.
