Operação Guerra: Os Bastidores da Morte de Odete Roitman em Vale Tudo que Chocou o Brasil
Operação militar por trás da morte de Odete Roitman

Parece coisa de filme de espionagem, mas foi pura televisão brasileira nos seus momentos mais intensos. A morte de Odete Roitman em Vale Tudo — aquela cena que ninguém esquece — não saiu simplesmente da cabeça dos autores. Teve planejamento tático, consultoria especializada e um cuidado militar nos mínimos detalhes.

Quem diria que para matar uma personagem de novela seria necessário montar uma verdadeira operação de guerra? Pois é exatamente isso que aconteceu nos bastidores da Globo em 1988.

Quando a ficção precisou da realidade

Acontece que Aguinaldo Silva, o autor principal, queria um assassinato que fosse crível até o último segundo. Algo que parecesse saído diretamente dos noticiários policiais. E para isso, nada melhor que consultar quem entendia do assunto: os militares.

O que pouca gente sabe é que a Globo mantinha — e talvez ainda mantenha — um canal direto com o Comando Militar do Leste. Era através desse contato que a emissorapedia conselhos técnicos para cenas que envolviam operações policiais ou militares.

O briefing secreto

Imagine a cena: um oficial do Exército brasileiro, de uniforme impecável, sentado numa sala de reuniões da Globo discutindo como assassinar uma velha rica da televisão. Parece absurdo, mas foi exatamente o que aconteceu.

O militar não economizou nos detalhes. Explicou sobre pontos vitais, ângulos de tiro, tipo de arma ideal, e até como disfarçar o crime para parecer um assalto. Tudo com a frieza de quem estava planejando uma operação real.

E o mais curioso: o oficial nem parecia se importar que estava ajudando a matar uma personagem fictícia. Para ele, era apenas mais um serviço de consultoria.

O plano perfeito — na ficção e na vida real

O nível de detalhe chegou a ser assustador. O militar não apenas descreveu o método ideal, como fez questão de desenhar diagramas mostrando posicionamento, horário ideal para o crime, e até como escapar sem deixar vestígios.

Quase dá para imaginar os autores da novela ouvindo aquilo tudo com uma mistura de fascínio e horror. De um lado, o material perfeito para uma cena impactante. Do outro, a constatação de que a realidade às vezes supera — e muito — a ficção.

O legado de uma morte televisiva

Trinta e seis anos depois, aquela cena ainda é lembrada como uma das mais marcantes da televisão brasileira. E agora faz ainda mais sentido saber que por trás da ficção havia um planejamento tão meticuloso.

Resta a pergunta: quantas outras cenas icônicas do nosso televisão tiveram essa mesma consultoria especializada? Quantos crimes, perseguições e operações policiais que vemos nas novelas foram, na verdade, planejados por quem realmente entende do assunto?

O caso Odete Roitman nos faz pensar sobre os limites — cada vez mais tênues — entre entretenimento e realidade. E sobre como, às vezes, a arte imita a vida de maneiras que nem imaginamos.