
O mundo do cinema perdeu uma de suas figuras mais carismáticas. Terence Stamp, aquele mesmo que fez gerações torcerem — ou tremerem — como o vilão General Zod nos filmes do Superman dos anos 80, partiu aos 87 anos. E não, não foi um raio solar vermelho que o levou, mas o tempo, implacável.
Quem não se lembra daquela voz grave, quase hipnótica, dizendo "Ajoelhe-se diante de Zod"? Ou da transformação magistral em Bernadette, a diva drag queen de 'Priscila, Rainha do Deserto'? Stamp tinha um talento raro: fazia você odiá-lo em um papel e amá-lo no seguinte.
De vilão a ícone LGBTQ+
Curioso como um ator que começou nos anos 60 — sim, aquele período de revoluções e minissaia — conseguiu se reinventar tantas vezes. Dos dramas intensos aos blockbusters, passando por uma personagem que se tornou símbolo da comunidade LGBTQ+. Bernadette não era apenas um papel, era uma declaração.
"Ele trouxe uma dignidade ao personagem que poucos conseguiriam", comentou certa vez Hugo Weaving, seu colega no filme australiano. E era verdade — Stamp nunca fazia caricaturas, mesmo quando interpretava figuras extravagantes.
Um legado além das telas
Fora das câmeras, o britânico era conhecido por seu humor ácido e opiniões fortes. Numa entrevista anos atrás, quando perguntado sobre os filmes de super-heróis atuais, resmungou: "São todos computação gráfica e pouca substância". Típico Stamp, sempre direto.
Deixou mais de 100 filmes no currículo, mas quem o conhecia pessoalmente dizia que sua maior obra foi ter vivido intensamente. Amante de literatura, jazz e — pasmem — ioga antes que fosse moda, o ator era um verdadeiro homem do Renascimento no século XX.
O cinema perde um de seus últimos grandes cavalheiros. Mas como ele mesmo diria, citando Shakespeare (que adorava): "A peça acabou". E que peça, hein?