O coração da televisão brasileira parou nesta terça-feira. David José Martins, aquele menino destemido que conquistou o Brasil inteiro nos anos 60, partiu aos 85 anos. A notícia chegou como um soco no estômago para quem cresceu acompanhando suas aventuras no Sítio do Picapau Amarelo.
Morreu em São Paulo, cidade que o viu brilhar. O hospital Santa Catarina confirmou o falecimento por volta das 14h - causas naturais, dizem. Mas como chamar de "natural" a partida de alguém que fez parte da infância de tantos?
O Menino Eterno da TV
David não era apenas mais um ator mirim. Era O Pedrinho, aquele que enfrentava sacis, conversava com Emilia e embarcava em aventuras que nos faziam sonhar acordados. Entre 1964 e 1967, ele deu vida ao personagem na TV Tupi, numa produção que marcou época.
E pensar que quase não foi! O garoto de 12 anos quase perdeu o papel porque chegou atrasado ao teste. "Cheguei suado, todo desgrenhado", contava ele numa daquelas entrevistas saudosas. Mas o destino - ou a sorte - quis que Júlio Gouveia, o diretor, visse naquele menino nervoso o Pedrinho perfeito.
Além do Sítio
Depois do fenômeno, David não ficou parado. Seguiu na TV, no teatro, até se aventurar como empresário. Mas era impossível separá-lo do personagem que o consagrou. Como ele mesmo dizia, com aquela sabedoria de quem entendeu a importância do legado: "O Pedrinho me escolheu".
Nos últimos anos, vivia mais recolhido. A saúde frágil o mantinha longe dos holofotes, mas não da memória afetiva de quem cresceu com suas aventuras. A notícia da morte dele correu rápido - como notícia ruim costuma fazer.
O Vazio que Fica
O que dizer quando parte da nossa infância vai embora? David José era daqueles artistas que a gente nem percebe o quanto marca até que a falta começa a doer. Ele não era só um ator - era pedaço da história da televisão brasileira.
O velório acontece no cemitério do Morumbi, a partir das 9h desta quarta. O enterro, às 15h. São Paulo se despede do menino que nunca envelheceu na tela, mas que na vida real nos deixa com saudades daqueles tempos de ingenuidade e fantasia.
Restam as lembranças. E a certeza de que, enquanto houver quem se lembre do Sítio, David José seguirá vivo - não como ator, não como homem, mas como eterno menino aventureiro que nos ensinou a sonhar.
