
O calor das luzes do palco, o silêncio tenso antes da fala seguinte, e então... vaias. Sim, vaias. Não é todo dia que você vê uma plateia brasileira — normalmente tão calorosa — expressando descontentamento dessa maneira. Mas foi exatamente o que aconteceu durante uma apresentação de "Vale Tudo" no Teatro Porto Seguro, em São Paulo.
Malu Galli, aquela força da natureza nos palcos, não ficou imune à crítica sonora. E olha, que situação complicada, não? Imagina você lá, dando tudo de si, e ouve aquele coro de desaprovação. Mas sabe o que é admirável? A maneira como ela lidou com tudo.
"O teatro é essa arena viva onde tudo pode acontecer", refletiu Malu, com aquela sabedoria de quem já viu de tudo um pouco. "Cada apresentação é única, cada plateia traz sua energia própria." E como traz!
Não foi pessoal, foi artístico
O interessante — e isso muita gente não percebe — é que as vaias não eram dirigidas à performance da atriz. Longe disso! O público estava, na verdade, reagindo à intensidade das cenas, à crueza de certos momentos que retratam nossa realidade brasileira.
"Às vezes as emoções transbordam", explica Malu, com a serenidade de quem entende o ofício. "O espectador se envolve de tal forma que esquece que está assistindo a uma ficção." E não é que é mesmo?
Quem nunca se pegou tão imerso em uma história que reagiu como se estivesse vivendo aquilo? Pois é.
A magia do teatro vivo
O que mais me impressiona nessa história toda é a postura da Galli. Em vez de ficar chateada ou defensive, ela abraçou a situação. "Isso mostra o quanto a arte pode ser poderosa", disse, com um brilho nos olhos que só os verdadeiros artistas têm.
E ela tem toda razão! O teatro não é — nem deve ser — uma experiência passiva. É uma conversa, uma troca energética entre palco e plateia. Às vezes essa conversa fica barulhenta, mas ainda assim é diálogo.
O espetáculo, que já está em cartaz há tempos, continua sua jornada. E essa experiência, longe de ser um problema, tornou-se parte da história da produção. Porque no final das contas, arte que não provoca reação — seja positiva ou negativa — está fazendo direito seu papel?
Penso que não. E aparentemente Malu Galli concorda.