
Não é todo mundo que tem a coragem de encarar os próprios fantasmas de frente. Mas Edney Silvestre — sim, aquele mesmo que você vê na TV — parece ter feito as pazes com os seus. E olha que não foram poucos.
Numa conversa que mais parecia um desabafo entre velhos amigos, ele soltou uma que me pegou desprevenido: "Todos nós carregamos um pedacinho rejeitado dentro de nós". Fala sério, quem nunca?
Das Cinzas da Rejeição Nasce a Força
O cara que hoje comanda o Jornal das Dez na GloboNews e tem livros publicados — inclusive finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, imagina só — já teve seu quinhão de portas fechadas na cara. E não foram delicadas, não.
"Cada 'não' que recebi", confessou com aquela voz calma que conhecemos da TV, "me ensinou mais do que qualquer 'sim' poderia ter feito". Parece clichê? Talvez. Mas quando você ouve a história por trás da frase, a coisa ganha outro peso.
O Peso das Palavras Não Ditas
O que mais me chamou atenção foi como ele transformou essa sensação de não-pertencimento em matéria-prima para criar. Tipo aquela madeira que ninguém quer, mas que um marceneiro experiente transforma na peça mais bonita da casa.
Ele falou algo que ficou ecoando na minha cabeça depois da entrevista: "Escrever sempre foi meu porto seguro, meu lugar de fala quando as palavras não saíam na vida real". E não é que faz todo sentido?
O Rio Como Personagem
Ah, e não dá pra falar do Edney sem mencionar o Rio. A cidade não é só pano de fundo — ela respira junto com suas histórias. Dos becos do Centro às praias da Zona Sul, tudo vira cenário para seus personagens, esses seres tão humanos em suas imperfeições.
Ele mesmo admitiu: "O Rio me ensinou que a beleza e a dor podem coexistir na mesma esquina". E quem já andou por essas ruas sabe exatamente do que ele tá falando.
O Preconceito Que Não Cala
Uma parte difícil — mas necessária — da conversa foi quando ele tocou no assunto do preconceito. Como homem negro e gay, Edney carrega marcas que vão além dos romances e reportagens.
"Às vezes sinto que preciso provar o dobro", compartilhou com uma honestidade que corta. "Mas aprendi a usar essa energia como combustível, não como âncora." Difícil não se emocionar, né?
O Poder das Segundas Chances
O que fica depois de ouvir alguém como ele é aquela sensação esperançosa — sabe? — de que nossos pontos quebrados podem ser justamente o que nos torna únicos.
Ele finalizou com um pensamento que deveria ser enquadrado: "Talvez a aceitação que tanto buscamos nos outros precise começar dentro da gente mesmo". E, puxa vida, como essa simples verdade pode ser revolucionária.
No fim das contas, a história do Edney me fez pensar: e se todas aquelas rejeições que a gente sofre — e Deus sabe que são muitas — fossem só os degraus desajeitados que nos levam exatamente onde precisamos estar?