David José, o eterno Pedrinho do Sítio do Picapau Amarelo, morre aos 84 anos: uma página virada na cultura brasileira
David José, o Pedrinho do Sítio do Picapau Amarelo, morre

O coração da cultura brasileira perdeu uma de suas batidas mais autênticas. David José, aquele menino que nos ensinou a sonhar com um Brasil mágico, partiu aos 84 anos. A notícia chegou como um soco no estômago para quem cresceu vendo suas aventuras na telinha.

Morreu na tarde desta quarta-feira, sabe? No Hospital Miguel Couto, no Rio. A informação foi confirmada pela família — um daqueles momentos em que a vida parece fazer uma pausa para respirar fundo.

O menino que virou lenda

Pensa só: era 1952 quando esse carioca de apenas 13 anos conquistou o papel que mudaria para sempre sua vida. Pedrinho. Só de falar o nome já vem à mente aquelas calças curtas, a camisa xadrez e os olhos cheios de aventura. A primeira adaptação do Sítio do Picapau Amarelo para a TV — e ele estava lá, no centro dessa revolução cultural.

O que muita gente não sabe é que David quase não ficou com o papel. Dizem que a produção queria alguém mais "bonitinho", mas havia algo naquele menino magricela que capturava perfeitamente a essência do personagem de Monteiro Lobato. E como capturou!

Uma carreira além do Sítio

Mas reduzir David José apenas ao Pedrinho seria uma injustiça tremenda. O cara era um poço de talento! Depois do Sítio, mergulhou de cabeça no teatro, dirigiu peças que arrancaram lágrimas e risos do público, e até se aventurou como produtor. Teve uma passagem marcante pela TV Tupi — aquela que a gente mais velho ainda lembra com saudade.

Nos últimos anos, andava meio sumido da mídia, é verdade. Preferia a calma de seu apartamento no Flamengo aos holofotes. Mas quando aparecia em alguma entrevista rara, sempre tinha aquela luz nos olhos ao falar do Sítio. Parecia que voltava a ser o menino de 13 anos por alguns instantes.

O legado que fica

O que David José nos deixou vai muito além de gravações em preto e branco. Ele foi parte fundamental da infância de gerações — a prova viva de que a cultura brasileira tem valor imensurável. Enquanto muitos artistas de hoje buscam fama passageira, ele construiu algo permanente.

E pensar que agora Dona Benta, Tia Nastácia, Visconde de Sabugosa e a irreverente Emília devem estar recebendo seu Pedrinho no sítio dos céus. A imagem até emociona.

O velório acontece neste exato momento no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju. O sepultamento está marcado para as 16h — horário em que muitas crianças dos anos 50 corriam para casa para não perder o Sítio. Coincidência? Talvez. Ou talvez o universo tenha seu próprio timing poético.

David José não era apenas um ator. Era um pedaço da nossa história — daquela parte boa que a gente guarda no fundo da memória com carinho. E como dizia o próprio Pedrinho nas aventuras do Sítio: "As melhores histórias são aquelas que nunca terminam de verdade". A dele, com certeza, não termina aqui.