
Não era um show qualquer. Nem uma simples festa de marca. O que rolou na noite de terça-feira (20) em São Paulo foi algo entre um coquetel corporativo com orçamento ilimitado e um mini festival privativo — com direito a três dos nomes mais quentes do momento no palco.
Anitta, Gilberto Gil e a sul-africana Tyla, esta última estourando globalmente com «Water», comandaram uma noite de experiências sonoras para um público seleto… talvez seleto demais para o calor que um line-up desses merecia.
E olha, a coisa não passou batida. Enquanto os artistas soltavam hits e raridades, a plateia — repleta de influenciadores, celebridades e profissionais do meio — reagia com uma serenidade quase meditativa. Alguém diria que estavam numa galeria de arte, não num evento com batidas que convidam ao mínimo balanço de cabeça.
Um contraste que chamou atenção
Os vídeos que vazaram nas redes mostram Anitta no seu pico de energia, entregando tudo no palco, enquanto a resposta visual da plateia era… bem, digamos que contida. Pessoas paradas, algumas até gravando com o celular, mas pouquíssima agitação. Uma verdadeira desconexão entre o palco e a plateia.
Gilberto Gil, lendário, trouxe seu repertório atemporal — uma aula de música brasileira. E Tyla, com sua presença magnética e o sucesso global, fez o que pôde para incendiar o ambiente. Mas a fagulha, definitivamente, não pegou do jeito que se esperaria.
O paradoxo dos eventos corporativos
É aquela velha história: quando o ingresso é caríssimo ou inexistente à venda (só por convite), o público às vezes esquece de ser público. Vira um networking de alto nível, um evento para ser visto, não necessariamente para sentir a música. E isso, convenhamos, é um desperdício artístico tremendo.
Os artistas performaram como se estivessem num estádio lotado. A energia de palco estava lá. Mas a reverberação… bem, essa ficou devendo.
Fica a reflexão: será que alguns eventos estão se tornando tão exclusivos que esquecem sua razão de existir — a conexão humana através da música? A night foi linda, production impecável, som perfeito. Só faltou mesmo a alma, que paradoxalmente, partiu apenas do palco.