
O calor amazônico não foi páreo para a fé — e nem para a solidariedade. Durante o Círio de Nazaré que tomou conta de Macapá, algo além das tradicionais procissões chamou a atenção. A Assembleia de Deus, aquela igreja evangélica que todo mundo conhece, resolveu botar a mão na massa de um jeito que ninguém esperava.
Enquanto os devotos percorriam as ruas sob um sol que parecia querer testar a fé de cada um, lá estavam eles: voluntários distribuindo água fresca como se fosse maná no deserto. E não era só isso não. Tinha gente passando mal? Sentindo aquela tontura que só calorão dá? Pronto, uma equipe médica voluntária estava ali, de plantão, pra dar aquele apoio básico que faz toda a diferença.
Fé que cuida
Parece simples, mas acredite: numa multidão fervorosa, um copo d'água pode ser a linha tênue entre continuar na celebração ou ter que ir pra casa mais cedo. E os voluntários? Nem se faziam de rogados. Ofereciam com um sorriso no rosto, aquela gentileza que a gente vê cada vez menos por aí.
O atendimento médico — isso sim foi algo que me chamou a atenção — não era aquela coisa burocrática, cheia de formalidades. Era gente cuidando de gente, sem frescura. Pressão arterial, aquela verificação básica de sinais vitais, primeiros socorros pra quem tava passando mal... Tudo feito com uma agilidade que até o SUS ficaria com inveja.
União que fortalece
O que mais me pegou nessa história toda foi ver como uma tradição católica — o Círio é deles, né? — recebeu apoio de uma igreja evangélica. Num país onde a gente às vezes vê mais divisão que união entre religiões, isso aí é um exemplo e tanto. Mostra que fé, no fundo, é sobre cuidar do próximo, independente de credo.
Os organizadores do evento, aqueles que sempre se desdobram pra tudo dar certo, ficaram visivelmente aliviados com o reforço. Imagina só: coordenar uma multidão em clima de festa religiosa já é complicado, ainda mais com o termômetro nas alturas. Ter esse suporte extra deve ter sido como encontrar uma sombra num dia de sol quente.
E os fiéis? Ah, esses aprovaram com louvor. Dá pra ver no olhar de cada um que recebia uma garrafinha d'água que não era só sede que estava sendo saciada — era a certeza de que tinham gente se importando com eles.
No final das contas, o que ficou claro é que algumas coisas transcendem paredes de templos e diferenças doutrinárias. Cuidar do próximo é universal — e ver isso acontecendo na prática, no meio do calor e da poeira das ruas de Macapá, me fez acreditar que talvez a gente ainda tenha salvação.