Quem diria, não é mesmo? Trinta e um anos se passaram desde aquele dia fatídico em que a imagem de Santo Elesbão simplesmente sumiu do Museu Regional de São João del-Rei. E agora, numa reviravolta que parece saída de um roteiro de cinema, o santo finalmente voltou para casa.
Parece até coisa de outro mundo — e talvez seja, quem sabe? A campanha "Devolva Nosso Santo", lançada há alguns meses, acabou rendendo frutos que ninguém mais esperava. A verdade é que depois de tanto tempo, muita gente já tinha perdido as esperanças.
O Retorno Inesperado
Na última segunda-feira, algo extraordinário aconteceu. Uma pessoa — que preferiu manter o anonimato, claro — apareceu com a imagem intacta, praticamente igual ao dia em que desapareceu. O coração dos funcionários do museu deve ter dado um pulo, imagino eu.
O mais curioso? A pessoa que devolveu a imagem contou que ela estava há anos guardada num baú de família, praticamente esquecida. Só quando viu a campanha nas redes sociais que caiu a ficha: aquela não era uma simples estátua qualquer.
Uma História Que Parecia Sem Solução
Voltando no tempo — lá em 1994 —, o furto deixou a cidade em polvorosa. Como alguém simplesmente entra num museu e leva um santo embora? A pergunta ecoou por semanas na boca do povo.
O Museu Regional, que fica naquela construção histórica linda da Rua Marechal Deodoro, sempre foi um ponto turístico importantíssimo da cidade. E Santo Elesbão, um dos santos mais populares entre a comunidade negra da região, tinha um significado cultural imenso.
Dá pra acreditar que passaram-se três décadas inteiras? Nesse tempo, o mundo mudou completamente — internet, smartphones, redes sociais — mas a saudade daquela imagem continuou a mesma.
A Força da Comunidade
O que me impressiona, sinceramente, é como as pessoas não esqueceram. A campanha de devolução foi uma ideia genial que pegou de jeito. Cartazes espalhados pela cidade, posts compartilhados milhares de vezes, matérias nos jornais locais...
Parece que a comoção coletiva criou uma energia tão forte que acabou convencendo quem estava com a imagem a fazer a coisa certa. Às vezes, a pressão social funciona mesmo, né?
E olha que interessante: a pessoa que devolveu não quis nenhum tipo de recompensa ou reconhecimento. Só pediu para não ser identificada e disse que estava feliz por poder corrigir um erro do passado.
O Que Dizem os Especialistas
Conversando com o pessoal do museu, dá pra sentir o alívio misturado com euforia. "É como recuperar um pedaço da nossa própria história", me contou uma das curadoras, ainda emocionada com a volta do santo.
O valor histórico da peça? Incalculável. Mas o valor sentimental para a comunidade? Ah, esse é simplesmente imensurável.
Agora, a imagem vai passar por uma pequena restauração — nada muito drástico, só alguns cuidados básicos — antes de voltar à exposição permanente. E dessa vez, com uma história ainda mais rica para contar.
Quem visita São João del-Rei nos próximos meses vai poder ver não só a imagem centenária de Santo Elesbão, mas também testemunhar um pedaço vivo da história da cidade. Uma história que, felizmente, teve um final — ou melhor, um recomeço — mais que feliz.
E pensar que algumas histórias realmente merecem um desfecho assim, não é mesmo? Depois de 31 anos, São João del-Rei recupera não apenas um objeto, mas parte da sua alma.
