Fé que Une: Santarém se Veste de Azul e Branco em Homenagem à Padroeira do Brasil
Santarém celebra Nossa Senhora Aparecida com procissão

O céu de Santarém parecia mais azul nesta terça-feira. E não era impressão não — era a força da fé colorindo tudo. A cidade parou, literalmente, para celebrar aquela que muitos chamam de mãe: Nossa Senhora Aparecida.

Imagine só: centenas de pessoas, de todas as idades, unidas por uma só crença. Crianças com suas roupas brancas, senhoras com seus terços nas mãos, homens carregando a imagem — uma verdadeira tapeçaria humana se formou pelas ruas. E o que mais impressionava? O silêncio. Aquele silêncio que fala mais alto que mil palavras.

Uma Tradição Que Não Envelhece

Acontece todo ano, mas parece sempre a primeira vez. A emoção é nova, o fervor renasce. Dona Maria, 78 anos, me contou com os olhos brilhando: "Não falto há 50 anos. É como encontrar minha mãe de novo".

E não era só ela. Gerações se misturavam — avós, pais, netos — todos ali, no mesmo passo, na mesma direção. Uma lição de unidade, se me permitem dizer.

O Trajeto da Fé

Da Matriz de Nossa Senhora da Conceição até a Catedral, o percurso foi mais que físico — foi espiritual. Cada rua, cada esquina, tinha seu significado. E as pessoas nas calçadas? Não eram espectadoras. Juntavam-se ao cortejo, como se puxadas por um fio invisível.

O padre José Wilson, responsável pela organização, parecia transbordar alegria. "É impressionante", disse ele, quase sem fôlego. "A cada ano cresce, a cada ano renovamos nossa esperança."

Mais Que Uma Procissão

O que vi hoje foi além do religioso — foi humano, profundamente humano. Pessoas se abraçando, outras chorando de emoção, muitas fazendo seus pedidos particulares em voz baixa.

E as cores! O azul e branco dominavam, é claro, mas havia tantos outros matizes — o amarelo das velas, o dourado do entardecer, o vermelho das emoções transbordantes.

No final, quando a imagem entrou na catedral, houve aquele momento — vocês sabem — aquele arrepio que percorre a espinha. E então, o canto. Um canto que parecia vir não das gargantas, mas das almas.

Santarém mostrou hoje que algumas tradições não apenas resistem ao tempo — elas florescem nele. E a fé, bem... a fé continua fazendo seus milagres silenciosos.