Menina de 2 Anos É Coroada como Nova Deusa Viva no Nepal em Ritual Milenar
Menina de 2 anos vira deusa viva no Nepal

O Nepal acaba de ganhar uma nova divindade — e ela mal aprendeu a andar. Trishna Shakya, uma pequenina de apenas dois anos, foi entronizada como a mais recente Kumari, a deusa viva venerada tanto por hindus quanto por budistas. E cá entre nós, que responsabilidade para alguém que ainda brinca com bonecas.

O ritual de coroação aconteceu num templo centenário em Patan, aquela cidade que parece parada no tempo. A cerimônia? Bem secreta, diga-se de passagem. Só os sacerdotes mais importantes pudem testemunhar o momento em que a menina deixou de ser uma criança comum para se tornar uma encarnação divina.

Os mistérios da seleção

Escolher uma Kumari não é como escolher um vestido — é bem mais complicado. A pequena Trishna precisou passar por uma série de provas que fariam qualquer adulto tremer nas bases. Dizem que ela manteve a calma numa sala escura cheia de cabeças de animais sacrificados. Assustador, não? Mas ela não piscou.

E os requisitos vão muito além da coragem:

  • Precisa ter a pele clara como a lua cheia
  • Cabelos e olhos escuros como a noite
  • Nenhum sinal de sangue no corpo — nem um arranhãozinho
  • Dentes impecáveis, é claro
  • E o corpo de um buda, seja lá o que isso significa

Parece lista de requisitos para princesa de conto de fadas, mas é sério. Muito sério.

Vida de deusa, infância normal?

Aqui está a parte que me faz coçar a cabeça: agora começa uma vida completamente diferente. A menina vai morar sozinha no templo — sim, você leu certo, SOZINHA — com visitas controladíssimas da família. Ela só pode pisar no chão em ocasiões especiais, porque, bem, deusas não andam como meros mortais.

Durante festivais religiosos, ela é carregada numa carruagem ornamentada enquanto milhares se ajoelham. Imagina a cena: uma criança de dois anos sendo tratada como divindade máxima. É de dar vertigem.

E o reinado dela? Dura até a primeira gota de sangue aparecer. Pode ser um simples arranhão ou... a primeira menstruação. Aí, volta para a vida normal. Do dia para a noite.

Tradição que divide opiniões

Alguns veem como uma honra sem igual. Outros — incluindo ativistas dos direitos das crianças — torcem o nariz. Dizem que é pesado demais para uma criança carregar tanta responsabilidade. E eu, particularmente, acho que têm um ponto.

Mas os devotos defendem com unhas e dentes. "É nossa tradição há séculos", argumentam. E de fato, é difícil discutir com 800 anos de história.

A antiga Kumari, Matina Shakya, agora com 5 anos, acabou de passar a coroa. Ou melhor, os trajes divinos. Ela vai para casa e começa a reaprender a ser... uma menina comum. Se é que isso é possível depois de ser tratada como deusa.

Enquanto isso, a pequena Trishna começa seu reinado celestial. Entre brinquedos e bênçãos, entre mamadeiras e rituais sagrados. Uma vida extraordinária para uma criança tão ordinary — perdão, quis dizer comum.

Resta saber como ela vai lidar com essa dupla identidade: menina que brinca, deusa que reina. O Nepal inteiro observa, entre a devoção e a curiosidade. E eu fico aqui me perguntando: será que um dia ela vai sentir falta de ser tratada como... apenas uma criança?