
O que dizer de uma cidade inteira que para? Não é exagero. Macapá simplesmente parou neste sábado, mas parou para celebrar algo maior. O Cirio de Nazaré 2025 mostrou, mais uma vez, por que é considerado a festa da fé mais impressionante da região Norte.
Era cedo, mas já dava para sentir aquela energia diferente no ar. Uma daquelas manhãs que você sabe que vai ficar na memória. Os primeiros devotos começaram a chegar antes mesmo do sol aparecer - gente de todos os cantos, cada um com sua história, seu motivo, sua esperança.
O espetáculo da fé
Quando a procissão começou de verdade, ai, meu amigo... Era mar de gente. Uma corrente humana que parecia não ter fim. Calcula só: milhares de pessoas, todas unidas pelo mesmo sentimento. Não dava nem para ver o fim da fila.
E a imagem de Nossa Senhora de Nazaré lá na frente, linda, imponente, segurada com tanto cuidado... Dava arrepio. A cada movimento da berlinda, um murmúrio de emoção percorria a multidão. Parecia que todos respiravam no mesmo ritmo.
Detalhes que emocionam
- As crianças - Tinha muita família com crianças pequenas, algumas no colo, outras andando com dificuldade mas sem reclamar. Os pais explicando o significado de tudo aquilo... Lindo de ver.
- Os idosos - Senhores e senhoras com mais de 80 anos, alguns com dificuldade para caminhar, mas firmes na fé. Uns até de cadeira de rodas, mas lá estavam.
- As promessas - Dava para ver nos olhos das pessoas que muitas estavam pagando promessas. Alguns descalços, outros carregando velas, cada um com seu jeito de agradecer.
E as ruas? Ah, as ruas de Macapá viraram um tapete colorido de fé. Gritaria de "Viva!" a cada momento, músicas religiosas que todo mundo cantava junto, flores sendo jogadas no caminho... Uma verdadeira festa para os sentidos.
Mais que religião: identidade
O que muita gente não entende é que o Cirio vai além do religioso. É cultural, é social, é parte do que significa ser amapaense. Encontrei um senhor que me disse algo que resume bem: "Isso aqui é nossa raiz. Minha avó vinha, minha mãe veio, eu venho e meus netos virão".
E tinha de tudo: gente rica, pobre, jovem, velho, negro, branco... Naquele momento, todas as diferenças sumiam. Era só uma grande família de fé.
Os organizadores, coitados, trabalharam que era uma beleza. Tudo organizadinho, seguranças espalhados, ambulâncias a postos - e graças a Deus não foi preciso usar muito. O povo se comportou direitinho, com aquela educação que é marca do nortista.
O momento mais emocionante
Quando a imagem chegou na Igreja de São José, ai... Foi de chorar mesmo. O silêncio que se fez, seguido daquele aplauso ensurdecedor. Gente chorando, abraçando, agradecendo. Dava para ver nos rostos uma mistura de cansaço físico com renovação espiritual.
Uma senhora que conversei resumiu bem: "Ano que vem eu volto, se Deus quiser. É minha força para seguir".
E assim segue a tradição - forte, viva, emocionante. O Cirio de 2025 mostrou que, num mundo tão corrido e individualista, ainda sabemos nos reunir pelo que realmente importa. Macapá provou, mais uma vez, que sua fé é tão grande quanto seu rio.