
O coração do samba paulistano parou nesta terça-feira. E que coração era esse... Batia forte nos ensaios da Tom Maior e ecoava com igual paixão pela histórica Portela. Gilsinho se foi, deixando um vazio que nenhum refrão vai preencher.
A escola do Parque Peruche não esconde a dor. "Estamos com a voz embargada", confessam nas redes sociais, numa postagem que mais parece um lamento. Como cantar sem quem dava o tom?
Dois amores, uma só paixão
Gilsinho era daquelas raridades que conseguiam dividir o coração entre duas grandes paixões sem trair nenhuma. Na Tom Maior, era a voz que guiava milhares de pés no sambódromo. Na Portela, escrevia seu nome na história da azul e branco de Madureira.
E pensar que ainda não revelaram a causa da morte... Aos 48 anos, partiu numa terça-feira comum que se tornou extraordinariamente triste.
O silêncio que dói
As arquibancadas vazias do Anhembi parecem mais silenciosas hoje. Os tamborins soam diferente. Até o repique parece perder o compasso. É como se o samba paulistano tivesse perdido uma de suas vozes mais autênticas - aquela que sabia quando gritar e quando sussurrar.
Nas redes sociais, a comoção é geral. Fãs, colegas de escola, amigos de longa data - todos unidos num coro de despedida. "Que Deus conforte o coração de família, amigos e admiradores", pede a Tom Maior, numa demonstração de fé que, convenhamos, é o único consolo possível num momento desses.
O legado? Ah, o legado fica em cada enredo que cantou, em cada evolução que comandou, em cada sorriso que arrancou dos mais durões durante os ensaios. Gilsinho não era só um intérprete - era o tempero do samba paulista.
O Parque Peruche chora. Madureira se curva. E o samba, esse segue - mas com um pedaço a menos na alma.