Nilton Rasta, ícone da percussão e ativista cultural de Feira de Santana, morre aos 62 anos
Nilton Rasta, percursionista e ativista cultural, morre aos 62

O coração da cultura feirense parou neste domingo. Nilton Rasta — esse nome que ecoava pelos terreiros e festas populares como um verdadeiro chamado ancestral — partiu aos 62 anos. A notícia chegou como um repente de atabaque abafado, deixando um silêncio pesado no ar.

Quem nunca viu Nilton comandando uma roda de samba? Homem de presença forte, sorriso fácil e mãos que pareciam ter nascido segurando baquetas. Dizem que ele conseguia extrair da madeira e do couro não apenas sons, mas histórias inteiras. Era algo que ia muito além da técnica — tinha alma, tinha raiz.

Mais que um músico, um educador cultural

O cara não era só da batida. Nilton dedicava a vida a projetos sociais que transformavam realidades através da música. Nas periferias, nas escolas, nos centros comunitários — ele estava sempre lá, mostrando para a garotada que o futuro podia ser construído ao ritmo do samba-reggae e do ijexá.

"A cultura salva", ele repetia sempre. E vivia essa frase como um mantra. Quantos jovens não encontraram seu caminho longe da violência porque Nilton lhes mostrou que as mãos serviam melhor para segurar instrumentos do que outras coisas?

Um legado que não se apaga

A família, claro, está arrasada. Recebeu amigos e admiradores na residência do Parque Getúlio Vargas, onde velaram seu corpo. O sepultamento aconteceu no Cemitério Parque, mas a verdade é que Nilton Rasta não vai descansar — sua energia continua em cada tambor que tocar em Feira de Santana.

O que fica? Fica a memória de um homem que era pura resistência cultural. Num mundo cada vez mais pasteurizado, ele insistia em manter viva a chama das tradições baianas. E conseguiu, sabe? Deixou discípulos, deixou projetos, deixou história.

Feira de Santana hoje está mais quieta. Mas amanhã, quando os tambores voltarem a soar, será Nilton Rasta continuando sua batucada eterna. Como ele mesmo dizia: "A música não morre nunca — só muda de ritmo".