
Quem estava no Teatro do Sesi na última quarta-feira (20) testemunhou algo especial. Não foi apenas um show — foi uma verdadeira viagem no tempo, um resgate emocionante da nossa memória musical.
A cantora capixaba Carol Vieira, com uma sensibilidade que arrepia, reviveu o legado da eterna Clara Nunes. E que legado! A plateia, composta por fãs de todas as idades, pareceu esquecer por algumas horas que estava em 2025.
Mais que covers, uma verdadeira imersão
Carol não se limitou a reproduzir sucessos — ela mergulhou fundo na essência da obra de Clara. Desde clássicos como "Conto de Areia" até "Na Linha do Mar", cada música foi apresentada com um cuidado que beirava a devoção. A orquestra, composta por músicos locais talentosíssimos, criou arranjos que respeitavam a originalidade das composições enquanto acrescentavam nuances contemporâneas.
O que mais impressionou? Talvez a forma como Carol capturou aquele timbre único, aquele jeito quase espiritual de interpretar. Não era imitação, era reverência pura.
Um presente para as novas gerações
O mais bonito foi ver jovens descobrindo Clara Nunes pela primeira vez. A emoção estampada nos rostos de quem nunca tinha ouvido "Êta Baiano" ao vivo — isso não tem preço. A cultura brasileira precisa desses momentos, dessas pontes entre passado e presente.
E não foi só música! Projeções visuais com imagens raras da cantora complementavam a experiência, criando uma narrativa audiovisual que emocionou até os mais durões.
No final, standing ovation. Gritos de "bis!" que ecoaram pelo teatro. Carol retornou ao palco para um encore surpresa — "As Forças da Natureza" — e arrancou lágrimas de muitos na plateia. Um daqueles momentos que a gente guarda na memória afetiva.
Quem perdeu, perdeu mesmo. Mas fica a esperança de que esse espetáculo — necessário como água no deserto da cena cultural atual — tenha vida longa e percorra outros palcos Brasil afora.