
Paris não dormiu na terça-feira. A cidade-luz transformou-se num palco frenético onde a moda ditaria as regras do espetáculo. Três casas de peso pesado — Schiaparelli, Dior e Valentino — ocuparam o centro das atenções numa noite que, francamente, deixou todos sem fôlego.
E comecemos pela Schiaparelli, que decidiu chocar e encantar na mesma medida. A apresentação aconteceu sob aquela icônica cúpula de vidro do Petit Palais, um cenário que já prometia grandiosidade. Mas o que se viu nas passarelas foi além do esperado. A creative director Daniel Roseberry — um visionário, diga-se de passagem — mergulhou fundo no surrealismo que sempre definiu a maison.
Imaginem só: vestidos esculturais que pareciam saídos de sonhos, bordados meticulosos que contavam histórias, e silhuetas que desafiavam a gravidade. Uma ousadia tremenda, daquelas que ou você ama ou você detesta — não há meio termo. A coleção era uma declaração de intenções: a moda como arte pura, sem concessões.
Dior Sob o Luar Parisiense
Enquanto isso, Maria Grazia Chiuri levou o Dior para os jardins do Musée Rodin. E que cenário! Modelas desfilando sob as árvores, iluminadas apenas pela luz suave da lua e projetores estratégicos. Criou-se uma atmosfera quase teatral, íntima e poderosa ao mesmo tempo.
A coleção respirava feminilidade, mas não do jeito óbvio. Havia uma força por trás dos vestidos fluidos e dos tailleurs impecáveis. Chiuri parece ter encontrado o ponto perfeito entre a tradição da maison e um olhar contemporâneo. Detalhes em renda, silhuetas alongadas e uma paleta de cores que ia do nude ao preto profundo — tudo muito sofisticado, como era de se esperar.
Valentino: O Grand Finale
E como fechamento, Pierpaolo Piccioli apresentou o Valentino no Carreau du Temple. O estilista, que sempre surpreende, desta vez focou numa abordagem mais conceitual. A coleção explorou volumes inesperados e proporções jogadas — algumas peças quase arquitetônicas.
O que mais chamou atenção foi o uso da cor. Piccioli brincou com combinações ousadas, misturando tons que normalmente não veríamos juntos. E os acessórios? Gigantescos, quase como esculturas que acompanhavam as modelos. Uma afirmação bold de que a moda deve, sim, causar impacto.
Paris provou mais uma vez por que continua sendo a capital indiscutível da moda. Enquanto o mundo observava, estas três apresentações não apenas mostraram roupas — contaram histórias, provocaram emoções e, quem sabe, redefiniram tendências para as próximas temporadas. Uma terça-feira para entrar nos livros de história da moda.