Belém Chora a Partida do Dr. Herlander Andrade, Mestre do Carnaval e da Medicina
Morre Herlander Andrade, fundador do Império Romano

O coração de Belém parou por um instante nesta segunda-feira. Não era o ritmo contagiante do carnaval, mas a notícia dura que chegava: Herlander Andrade, aos 82 anos, havia partido.

Quem era esse homem? Difícil resumir. Médico obstetra de mãos sábias — quantas crianças ele ajudou a vir ao mundo? — e, ao mesmo tempo, um dos pilares da folia mais autêntica do Pará. Fundador do bloco Império Romano, ele era dessas figuras raras que conseguem equilibrar a seriedade do jaleco branco com a irreverência do glitter.

O velório acontece neste exato momento na Funerária Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro do Marco. O clima? Uma mistura pesada de luto com saudade antecipada. Amanhã, às 9h, o corpo segue para cremação no Cemitério Parque da Paz.

Mais que um bloco, um império de alegria

Ah, o Império Romano... Quem viveu um carnaval em Belém sabe do que estou falando. Não era apenas mais um bloco na avenida — era instituição, tradição, quase um patrimônio emocional da cidade. Herlander não só criou essa maravilha como a manteve pulsante por décadas. Uma dedicação de dar inveja a qualquer gestor cultural por aí.

E pensar que o mesmo homem que comandava diagnósticos precisos na maternidade também coordenava os ensaios cheios de samba no pé e fantasias elaboradas. Essa dualidade fascinante — sério quando precisava ser, brincalhão quando dava — definia bem seu caráter.

O vazio que fica

A família, claro, está arrasada. Perder um patriarca nunca é fácil, especialmente quando se trata de alguém tão presente e ativo. Mas a dor não se restringe ao círculo íntimo — estende-se por toda uma comunidade que via em Herlander muito mais que um médico ou carnavalesco.

Ele era daqueles sujeitos que dão alma ao lugar onde vivem. Belém, hoje, está um pouco mais sem graça sem ele. O próximo carnaval, pode ter certeza, terá um sabor diferente. Uma falta que os tambores não vão conseguir preencher.

O que fica? Ah, fica a lembrança de um homem que entendeu como poucos que a vida precisa de dois remédios fundamentais: a ciência para o corpo e a festa para a alma. Herlander Andrade receitou ambos com maestria.