
Num daqueles casos que misturam cultura, necessidade pública e muito axé, a Justiça do Piauí deu um veredito que vai fazer muita gente dançar. Literalmente.
O desembargador Ronaldo Alves Feitosa, do Tribunal de Justiça do estado, simplesmente manteve a programação dos shows de Léo Santana e Kiko Chicabana em Cocal — uma cidade que anda sofrendo com uma seca daquelas de rachar a terra. E olha que tinha gente querendo cancelar tudo.
Recurso na contramão da festa
O Ministério Público do Piauí havia entrado com um recurso pedindo a suspensão dos eventos. A alegação? A tal da "incompatibilidade temporal" — basicamente, fazer festa enquanto a população passa necessidade por causa da estiagem.
Mas o desembargador enxergou as coisas por outro ângulo. Na decisão de quinta-feira (3), ele deixou claro que "a cultura e o entretenimento são direitos fundamentais". Parece óbvio, mas quando a situação aperta, sempre aparece alguém querendo cortar primeiro o que traz alegria.
E tem mais: Feitosa frisou que não há nenhuma ilegalidade concreta nos eventos. Os promotores até tentaram argumentar que os shows poderiam "agravar a situação de escassez hídrica", mas convenhamos — isso soou meio forçado, não?
O outro lado da moeda
Agora, vamos ser justos. A seca no Piauí é coisa séria mesmo. Mais de 50 cidades já decretaram situação de emergência, Cocal incluída. A Defesa Civil estadual confirmou que a estiagem já castiga 181 dos 224 municípios piauienses.
Mas e daí? Cancelar a cultura não vai fazer chover. O desembargador acertou em cheio ao lembrar que "a administração pública tem o dever de garantir múltiplos aspectos da vida em sociedade". Em outras palavras: cuidar da crise hídrica é uma obrigação, mas cancelar alegria não é solução pra nada.
Aliás, quem mora em cidade do interior sabe bem — evento grande é raro, e todo mundo espera ansioso. Cortar isso seria como tirar o pouco de respiro que a galera tem.
E agora, como fica?
Os shows seguem firmes e fortes para os dias 11 e 12 de outubro. Léo Santana no sábado, Kiko Chicabana no domingo. A prefeitura de Cocal já deve estar com os preparativos a todo vapor.
E sabe qual é a parte mais interessante? Essa decisão judicial pode acabar criando um precedente importante. Mostra que, mesmo em tempos difíceis, a cultura não pode ser tratada como artigo de luxo — é necessidade básica da alma.
Claro, ninguém tá dizendo pra ignorar a seca. Mas será que a solução é mesmo deixar a cidade ainda mais triste? O desembargador, pelo menos, achou que não.
Enquanto isso, em Cocal, a expectante só aumenta. Vai ser dois dias de muita música, dança e — quem sabe — até uma prece disfarçada pra São Pedro dar uma ajudinha com as chuvas.