Clube do Livro Une Cerveja e Literatura Há 8 Anos nos Bares de Bauru
Clube une livros e cerveja há 8 anos em Bauru

Quem disse que literatura e happy hour não combinam? Em Bauru, no interior de São Paulo, um grupo de apaixonados por livros prova exatamente o contrário há quase uma década. O 'Cevadas Literárias' — um nome que já entrega a proposta — transforma bares em verdadeiros salões literários desde 2017.

Parece até coisa de outro mundo, mas é real: enquanto a galera toma uma gelada, debates fervorosos sobre clássicos da literatura e lançamentos contemporâneos tomam conta do ambiente. E olha que não é pouca coisa — estamos falando de oito anos ininterruptos de encontros mensais!

Do improviso à tradição

Tudo começou de forma despretensiosa, quase por acaso. Um punhado de amigos que frequentavam as mesmas livrarias resolveu trocar o silêncio das bibliotecas pelo burburinho dos bares. A ideia era simples: discutir livros num ambiente descontraído, sem aquela formalidade que às vezes afasta as pessoas.

E deu certo. Melhor do que qualquer um poderia imaginar, na verdade. O que era para ser um encontro casual virou tradição na cidade. Hoje, o grupo tem participantes fixos e sempre recebe novos curiosos — afinal, quem resiste à combinação livro mais cerveja?

Como funciona essa balbúrdia literária?

Todo mês tem livro novo na pauta. A escolha é democrática: os participantes sugerem títulos e votam. Já passaram por ali desde Machado de Assis até contemporâneos nacionais, sem falar nos autores internacionais que sempre rendem boas discussões.

Os encontros seguem um ritmo bem orgânico — não tem aquela rigidez de horário que estraga a diversão. A conversa começa leve, vai esquentando conforme as opiniões se chocam e, quando você percebe, já está há horas debatendo nuances de personagens enquanto saboreia uma boa bebida.

E o melhor: não precisa ser expert em literatura. Tem desde professores universitários até quem está lendo seu primeiro livro 'sério'. O que importa mesmo é o prazer da leitura e a vontade de compartilhar impressões.

O segredo da longevidade

Oito anos não são oito dias. Mantém um clube do livro funcionando por tanto tempo exige mais do que boa vontade. O fundador do grupo — que prefere não aparecer — conta que a chave está justamente na informalidade.

'A gente evita burocracia como se fosse praga', brinca um dos participantes mais antigos. 'Não tem mensalidade, não tem lista de presença obrigatória, não tem regras chatas. As pessoas vêm quando podem, falam o que pensam, e é isso.'

E os bares? Adoram a iniciativa. Os estabelecimentos que recebem o grupo garantem que as noites de literatura são sempre movimentadas — e os garçons já até decoraram os gostos literários dos frequentadores mais assíduos.

Para além das páginas

O que começou como um clube de leitura virou quase uma família. Já rolaram casamentos entre participantes, amizades que ultrapassaram as fronteiras dos livros e até parcerias profissionais que nasceram nessas conversas de bar.

'Teve uma vez que eu estava passando por uma fase difícil', compartilha uma frequentadora. 'O livro que estávamos lendo na época me deu um insight importante, e a discussão com o grupo me ajudou a enxergar soluções. Literatura cura, sim — especialmente com uma cervejinha do lado.'

E assim seguem, mês após mês, ano após ano. Provando que cultura e descontração podem — e devem — andar juntas. Quem sabe não é aí na sua cidade que está faltando um projeto desses?