O clima no Morumbi não é dos mais tranquilos — mas Hernán Crespo parece ter encontrado a serenidade necessária para navegar essas águas turbulentas. Em entrevista que misturou sinceridade brutal e otimismo cauteloso, o técnico argentino fez revelações que podem surpreender até os torcedores mais atentos.
«O Pablo Maia? Uma joia rara que precisamos polir com cuidado», disparou Crespo, sem rodeios. «Mas quando falamos de Lucas Moura... bem, aí a história é outra».
E que história! O experiente atacante, que voltou ao clube com status de herói, vive momento de... vamos dizer, adaptação? Crespo foi direto: «Precisamos de paciência. Muita paciência. Ele está se reinventando — e reinventar exige tempo, não é como trocar de camisa».
O jogo dentro do jogo
O que muitos não percebem é que o futebol não se resume aos noventa minutos. Há todo um processo de reconstrução física e mental em jogo — especialmente para um jogador que colecionou quilometragem e experiências na Europa.
«Lucas não é o mesmo de dez anos atrás», admitiu Crespo. «E nem deveria ser! A questão é: como usar toda essa bagagem a favor do time? Isso é trabalho de ourives — não de serralheiro».
Já sobre Pablo Maia, o elogio foi quase musical: «Ele tem o ritmo certo, a cadência que precisamos no meio-campo. É como encontrar um percussionista nato no meio de uma orquestra — ele não apenas mantém o compasso, mas dita o tom».
Paciência: virtude ou tortura?
Num mundo que exige resultados imediatos, Crespo defende o tempo como aliado. «A torcida quer tudo para ontem — e eu entendo! Mas algumas coisas não se aceleram. Você não apressa um vinho ou um café especial... por que faria isso com um atleta?»
E finalizou com uma analogie que só um argentino faria: «É como um bom assado — você pode aumentar o fogo, mas arrisca queimar a carne. Às vezes, é melhor deixar o carvão trabalhar sozinho».
Restará saber se a torcida tricolor concorda com essa filosofia... ou se vai cobrar resultados mais rápidos.
