
A escritora mineira Ana Maria Gonçalves acaba de fazer história ao ser eleita a primeira mulher negra para a Academia Brasileira de Letras (ABL). A cerimônia de posse ocorreu nesta quarta-feira (10), marcando um momento de transformação para a instituição fundada em 1897.
Um marco na literatura brasileira
Com uma trajetória literária reconhecida internacionalmente, Ana Maria Gonçalves assume a cadeira número 23, que pertencia ao acadêmico Geraldo Holanda Cavalcanti, falecido em 2022. A autora de Um Defeito de Cor - obra fundamental sobre a escravidão no Brasil - recebeu 28 votos dos 33 acadêmicos presentes.
Reconhecimento tardio
A eleição representa um avanço importante para a diversidade na ABL, que em 126 anos de história nunca havia tido uma mulher negra entre seus imortais. "É uma honra, mas também uma responsabilidade enorme", declarou a escritora emocionada durante seu discurso de posse.
Trajetória inspiradora
Nascida em Ibiá, Minas Gerais, Ana Maria começou sua carreira na publicidade antes de se dedicar à literatura. Seu romance histórico de 2006, que reconta a história da nação brasileira pela perspectiva de uma mulher escravizada, já vendeu mais de 200 mil exemplares e foi traduzido para vários idiomas.
A Academia Brasileira de Letras, conhecida por sua tradição conservadora, parece estar dando passos importantes rumo à contemporaneidade. A inclusão de Ana Maria Gonçalves no seleto grupo de imortais sinaliza uma abertura para vozes historicamente marginalizadas no cânone literário brasileiro.