
Quem diria que entre as paredes de uma tradicional escola religiosa em Santarém brotaria uma imaginação tão sombria e fascinante? A estudante — cujo nome ainda ecoa pelos corredores como uma promessa — decidiu mergulhar fundo no universo do fantástico e trouxe à tona criaturas que parecem saídas diretamente de pesadelos cuidadosamente elaborados.
O "Bestiário Sinistro", como foi batizada a exposição, não é apenas mais uma mostra estudantil. É algo diferente, visceral. As obras possuem uma intensidade que surpreende pela maturidade — considerando que estamos falando de uma estreia artística. As texturas parecem saltar aos olhos, as formas se contorcem em poses quase impossíveis, e os detalhes... ah, os detalhes fazem você se perguntar: de onde vem tanta inspiração?
Um talento que não passa despercebido
Os professores não disfarçam o orgulho. "É daquelas alunas que aparecem uma vez a cada década", confessa um educador, preferindo não se identificar. A verdade é que o trabalho transcende a simples tarefa escolar — temos aqui uma voz artística genuína começando a encontrar seu caminho.
As técnicas utilizadas variam desde desenhos meticulosos até esculturas que desafiam a percepção. Cada peça conta uma história, ou melhor, sussurra fragmentos de narrativas que o espectador precisa completar com sua própria imaginação.
O que esperar da exposição?
- Criaturas híbridas que misturam elementos animais e humanos
- Uma paleta de cores que vai dos tons terrosos aos mais vibrantes — mas sempre com um toque de mistério
- Texturas que convidam ao toque (mesmo que não se possa tocá-las)
- Narrativas visuais que fluem entre o mitológico e o contemporâneo
E o mais interessante: a artista explora justamente essa dualidade entre o sagrado e o profano, entre a educação formal recebida na escola e os demônios particulares que habitam sua criatividade. É como se ela estivesse dizendo: "aqui estou eu, com todas as minhas contradições".
Um respiro cultural em Santarém
Nestes tempos onde tanto se fala em cortes na cultura, ver uma instituição de ensino abraçando — e incentivando — talentos tão peculiares é, no mínimo, revigorante. A escola transformou-se não apenas em espaço de educação, mas em galeria, em ponto de encontro cultural, em celeiro de novos criadores.
A exposição já está gerando burburinho além dos muros escolares. Colecionadores locais manifestaram interesse, e há rumores de que curadores de outras cidades paraenses planejam visitar. Parece que Santarém pode estar diante do surgimento de uma nova promessa das artes visuais.
Quem teve a oportunidade de ver as obras de perto descreve uma experiência quase sensorial. "Não é só ver, é sentir", comenta uma visitante. "Há uma energia estranha e cativante emanando dessas criaturas imaginárias."
Restam poucos dias para conferir de perto esse fenômeno artístico que está deixando a cidade falando. Uma coisa é certa: a estudante — e sua legião de seres fantásticos — veio para marcar posição. E o melhor: isso é apenas o começo.