
A cena literária brasileira celebra uma vitória histórica: Ana Maria Gonçalves, autora de obras aclamadas como Um Defeito de Cor, foi eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL). A cerimônia de votação ocorreu nesta quarta-feira (10/07) no Rio de Janeiro, marcando um momento significativo para a representatividade na literatura nacional.
Uma trajetória de resistência e excelência
Nascida em Ibiá, Minas Gerais, Ana Maria Gonçalves construiu uma carreira literária marcada por narrativas potentes sobre a experiência negra no Brasil. Seu romance histórico Um Defeito de Cor, publicado em 2006, é considerado uma obra fundamental para compreender as heranças da escravidão no país.
A escritora ocupará a cadeira número 22, que pertencia ao acadêmico e jurista Evanildo Bechara, falecido em 2024. Gonçalves recebeu 28 votos dos 36 acadêmicos presentes, demonstrando o reconhecimento unânime de seu talento pela elite literária brasileira.
Representatividade na ABL
A eleição de Ana Maria Gonçalves representa um avanço na diversificação do perfil dos imortais:
- Torna-se a 11ª mulher entre os 40 membros efetivos
- É apenas a 5ª acadêmica negra na história da instituição
- Representa a valorização de autores fora do eixo Rio-São Paulo
Em declaração após o resultado, a autora afirmou: "Esta cadeira não será apenas minha, mas de todas as vozes que historicamente foram silenciadas na literatura brasileira".
Próximos passos
A posse está marcada para 20 de agosto, quando Gonçalves fará seu discurso de ingresso na ABL. A cerimônia promete reunir nomes importantes da cultura nacional e deve incluir homenagens à trajetória da escritora.
Especialistas apontam que a eleição consolida uma guinada na Academia, que nos últimos anos tem buscado maior diversidade em seu quadro de membros, sem abrir mão da excelência literária.