Todas as sextas-feiras, as ruas do bairro Bom Retiro, em São Paulo, ganham um colorido especial com os coletes amarelos dos voluntários da comunidade coreana. Há quatro anos, eles se reúnem para realizar mutirões de limpeza que já se tornaram tradição no local.
Modelo K de segurança inspira ação comunitária
A iniciativa é baseada no chamado modelo K de segurança, onde o "K" representa a Coreia em inglês. Este conceito combina a teoria das janelas quebradas com experiências bem-sucedidas da Coreia do Sul na prevenção criminal através da manutenção urbana.
Bruno Kim, presidente da Associação Brasileira dos Coreanos, explica que o objetivo vai além da limpeza: "Melhoramos a sensação de bem-estar, unimos a comunidade e aumentamos a segurança para quem vive e visita o bairro".
Investimentos e expansão da iniciativa
Os resultados impressionam: a comunidade já arrecadou R$ 1 milhão para reformar as calçadas de um quarteirão inteiro do bairro. Recentemente, instalaram três bituqueiras nos pontos onde mais se descartavam bitucas de cigarro no chão.
A associação também adotou uma praça e assumiu os cuidados de jardinagem do local. A campanha "Nossa loja, nossa limpeza" distribuiu pegadores de lixo para que comerciantes participem da iniciativa.
Histórico da comunidade coreana no Bom Retiro
O Bom Retiro começou a atrair coreanos na década de 1970 e hoje abriga aproximadamente 8 mil imigrantes e descendentes. A região concentra cerca de 100 comércios de comida coreana e mil empresas de confecção comandadas por coreanos.
Em 2019, o bairro foi eleito pela revista Time Out como um dos melhores do mundo. O diplomata Inho Kim, do Consulado da Coreia do Sul no Brasil, ressalta que "em locais arrumados e limpos, as pessoas também se comportam dessa maneira".
O movimento segue o espírito participativo do Movimento Saemaul dos anos 1970 na Coreia, que promoveu organização e trabalho conjunto para o desenvolvimento local. Para Bruno Kim, o esforço coletivo pelo bem comum busca inspirar outras pessoas a cuidarem do bairro.