
Quem diria que o mesmo quintal que já viu tantos sambas e festas agora abriga uma verdadeira revolução verde. Zeca Pagodinho, aquele sambista que todo mundo conhece pela voz e pelo jeito descontraído, resolveu botar a mão na massa — literalmente — e criou algo que está mudando a vida de muita gente.
Mais de uma tonelada. Parece pouco quando a gente fala assim, mas imagina só: mil quilos de alimentos fresquinhos, colhidos direto da terra e distribuídos para quem precisa. É alface, couve, cheiro-verde, temperos... Tudo cultivado com aquele carinho que só o Zeca sabe dar.
Do quintal para a comunidade
O projeto começou pequeno, quase sem querer. "Eu sempre gostei de plantar, desde moleque", conta o sambista, com aquela simplicidade que lhe é característica. "Aí pensei: por que não dividir com os outros o que a terra me dá?"
E assim foi. O que era um passatempo virou missão. A horta cresceu, ganhou espaço, e hoje ocupa boa parte do terreno da casa dele. Mas o mais impressionante não é o tamanho — é o resultado.
Números que alimentam
- Mais de 1.000 kg de alimentos distribuídos
- Centenas de famílias beneficiadas
- Produção 100% orgânica
- Colheitas semanais regulares
"Dividir o que eu ganhei da vida não é favor, é obrigação", diz Zeca, com aquela sabedoria popular que só quem vem de baixo realmente entende. E ele não fica só nas palavras: toda semana, uma turma se reúne lá para colher, separar e distribuir os alimentos.
O segredo está na terra
O interessante é que o sambista não usa nenhuma tecnologia mirabolante. São técnicas simples, aprendidas com os mais velhos, que ele aplica com dedicação quase religiosa. "A terra não engana", ele filosofa. "Você trata ela bem, ela te devolve em comida boa."
E não para por aí. A iniciativa já está inspirando outros moradores da região. Vizinhos que antes só tinham cimento no quintal agora também estão plantando suas próprias hortaliças. É um efeito dominó de bem que se espalha pela comunidade.
Quem recebe os alimentos conta que é mais do que comida — é esperança. Dona Maria, uma das beneficiárias, emociona-se ao falar: "Quando a gente pega aquela couve verdinha, parece que o mundo fica menos duro, sabe?"
Enquanto muitos artistas investem em projetos grandiosos e cheios de holofotes, Zeca prefere o caminho contrário. Faz tudo no silêncio do seu quintal, sem alarde, mas com resultados que falam por si só. Quem diria que o rei do samba seria também um agricultor urbano de mão cheia?
E o melhor: ele garante que isso é só o começo. "Enquanto eu tiver força nas pernas e terra no quintal, vou continuar plantando e dividindo." Palavra de sambista — e de quem sabe que a verdadeira riqueza está em compartilhar.