
Às vezes a realidade supera a ficção mais macabra. E poucas histórias reais conseguiram penetrar tão fundo no imaginário do terror quanto a de Ed Gein, esse fazendeiro de Wisconsin que, nos anos 50, chocou o mundo com seus crimes absolutamente bizarros.
O que ele fez exatamente? Bom, prepare o estômago. Quando a polícia invadiu sua propriedade em 1957, encontrou uma cena digna dos piores pesadelos. Corpos exumados, móveis e utensílios feitos com restos humanos, uma "fantasia" de mulher costurada com pele humana... É de gelar a espinha.
Psicose (1960): O início de tudo
Antes de Norman Bates se tornar um ícone, havia Ed Gein. Robert Bloch, ao escrever o romance que inspirou o filme de Hitchcock, confessou ter usado Gein como ponto de partida. E faz sentido — ambos viviam em propriedades isoladas, ambos tinham relações complicadíssimas com suas mães, ambos colecionavam segredos terríveis.
Mas Hitchcock, gênio que era, soube transformar essa matéria-prima horrível em algo ainda mais perturbador. O que me deixa pensando: será que Norman Bates seria tão assustador se não soubéssemos que pessoas como Gein realmente existem?
O Massacre da Serra Elétrica (1974): O horror em carne viva
Aí veio Tobe Hooper e deu um soco no estômago do cinema. Leatherface e sua família canibal são praticamente uma releitura direta — e amplificada — dos crimes de Gein. A casa decadente, os troféus humanos, a obsessão por máscaras de pele... É Gein no seu mais puro estado de terror.
O filme tinha uma crueza que deixava claro: isso poderia acontecer. Em qualquer lugar rural da América. Com qualquer pessoa. E essa verossimilhança é que tornou a experiência tão visceral — ainda hoje assistir àquele filme me causa um desconforto físico.
O Silêncio dos Inocentes (1991): A psicologia do monstro
E então chegamos à obra-prima. Hannibal Lecter e Buffalo Bill são duas faces da mesma moeda geiniana. Thomas Harris bebeu direto da fonte ao criar seus personagens — a obsessão por transformação, a coleção de pele humana, a mente perturbada que ainda assim mantém uma fachada de normalidade.
O que me fascina em 'O Silêncio dos Inocentes' é como ele explora não só os crimes, mas o que leva alguém a cometer tais atrocidades. A cena do poço, a busca desesperada de Clarice... É um estudo psicológico brilhante que deve muito à história real que o inspirou.
Por que Gein continua nos assombrando?
Pense bem: já se passaram mais de 60 anos desde que Gein foi preso, e ainda assim sua sombra paira sobre o cinema de terror. Talvez porque ele represente um medo fundamental — o de que por trás da fachada normal do nosso vizinho, possa habitar uma escuridão inimaginável.
Esses três filmes, cada um à sua maneira, capturaram essa essência terrível. Transformaram um caso policial em pesadelos coletivos que continuam frescos — assustadoramente frescos, devo dizer.
E o mais curioso? A Netflix recentemente trouxe Gein de volta ao spotlight com sua série 'Monstro'. Como se nos lembrasse: algumas histórias são tão chocantes que simplesmente não podemos deixá-las no passado. Elas se tornam parte do nosso DNA cultural do medo.
No fim das contas, Ed Gein nos mostrou que os monstros mais assustadores não vivem em castelos góticos ou em florestas encantadas. Eles podem estar bem ali, na fazenda ao lado, com um sorriso amigável e segredos indizíveis.