Wagner Moura em foco: do sucesso internacional aos novos desafios
O ator Wagner Moura concedeu uma entrevista especial ao programa Fantástico, onde falou sobre diversos aspectos de sua carreira e projetos atuais. A conversa com Maju Coutinho revelou insights valiosos sobre o momento profissional do artista, que vive um dos períodos mais importantes de sua trajetória.
O Agente Secreto e a campanha pelo Oscar
No centro das discussões está "O Agente Secreto", filme dirigido por Kleber Mendonça Filho que já conquistou reconhecimento internacional impressionante. Desde sua estreia mundial em maio, a produção acumula mais de 10 prêmios, incluindo as importantes conquistas de Melhor Direção e Melhor Ator no Festival de Cannes.
Wagner Moura interpreta um professor perseguido pela ditadura militar, personagem que define como "um homem que resolve manter-se fiel aos seus valores, quando tudo ao redor dele diz o contrário". O filme representa o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar, seguindo o histórico sucesso de "Ainda Estou Aqui", que trouxe ao país seu primeiro Oscar de melhor filme internacional.
O ator revelou ter conversado com Walter Salles Júnior sobre estratégias para a campanha do Oscar: "Conversei com o Waltinho, com aquela sabedoria dele, ele me orienta muito". A preparação inclui participação em festivais e eventos internacionais para promover o trabalho.
Carreira e reflexões sociais
Com quase três décadas de carreira, Wagner Moura refletiu sobre seus diferentes personagens. Do temido Capitão Nascimento em "Tropa de Elite" às atuações em novelas, o ator demonstra orgulho de sua trajetória genuinamente brasileira.
Um momento especialmente emocionante da entrevista foi o relato sobre o encontro casual com Mirtes, mãe de Miguel, o menino de 5 anos que morreu após cair do nono andar no Recife em 2020. "Cara, eu fiquei muito emocionado esse dia. Ela chegou e disse: 'Oi, eu queria falar com você, eu sou a mãe do Miguel'", contou o ator, destacando como esse tipo de tragédia revela as desigualdades sociais do país.
Sobre sua experiência internacional, Moura usou uma metáfora do ator Javier Bardem para explicar as dificuldades: "Quando eu estou atuando em inglês, é como se dentro da minha cabeça tivesse um escritório com as pessoas trabalhando para aquilo dar certo". Apesar disso, o baiano de 49 anos já se sente mais confortável atuando em outros idiomas.
Novos projetos e retorno aos palcos
Após 16 anos, Wagner Moura retornou ao teatro com a peça "Um Julgamento", adaptação de "O Inimigo do Povo" de Ibsen. O espetáculo tem uma característica única: o veredito é decidido pelo público em cada apresentação.
Paralelamente, o ator se prepara para seu primeiro projeto como diretor nos Estados Unidos: "Last Night at the Lobster", ainda sem título em português. "É o meu primeiro filme que eu vou dirigir nos Estados Unidos e atuar, primeira vez que eu vou atuar e dirigir", explicou Moura, descrevendo a produção como um típico filme de natal americano, mas com sua assinatura pessoal.
O ator finalizou com uma reflexão sobre autenticidade: "Você tem que saber quem você é, gostar de quem você é, saber que você é uma pessoa em evolução", destacando sua busca por projetos que o desafiem e transformem.