
Quem viveu os anos dourados de Sorocaba sabe: a Avenida Afonso Vergueiro era o coração pulsante da cidade. E no meio dessa efervescência urbana, um endereço se destacava como o epicentro da badalação — o lendário Clube Centenário.
Não era só um clube, era quase um personagem da cidade. Nas noites quentes — e algumas nem tanto — recebia gente de todo canto. De industriais locais a artistas famosos que passavam pela região. Dizem que até certa diva do rádio brasileiro já deu as caras por lá, mas isso fica entre a gente...
Tempos de glória
Inaugurado em 1922 (sim, o mesmo ano da Semana de Arte Moderna), o Centenário tinha um charme que poucos lugares conseguiam replicar. Salões amplos, arquitetura imponente e uma atmosfera que misturava o formal dos eventos sociais com a descontração das festas particulares.
"Era onde tudo acontecia", conta o aposentado João da Silva, 78, com um brilho nostálgico nos olhos. "Casamentos chiques, bailes de carnaval que duravam até o sol raiar, e aqueles jantares com políticos importantes... Ah, meu filho, você não faz ideia!"
Os rivais do Centenário
Claro que o clube não reinava sozinho. A cidade tinha outros pontos de encontro que marcaram época:
- Cine Vitória — O cinema que virou lenda, com suas estreias lotadas e poltronas de veludo vermelho
- Bar do Alemão — O point dos boêmios e intelectuais, onde se discutia de futebol a política
- Grêmio Recreativo — O rival direto do Centenário, com seu ar mais "família" mas não menos animado
Mas convenhamos — nenhum tinha aquele je ne sais quoi do Centenário. Talvez fosse o piano de cauda no salão principal. Ou os lustres que pareciam saídos de um palácio europeu. Difícil dizer.
O declínio e o legado
Com o passar dos anos, como acontece com tantos ícones, o clube foi perdendo espaço para novas opções de lazer. Os jovens dos anos 80 e 90 preferiam outros ares — literalmente, com a ascensão das casas noturnas ao ar livre.
Hoje, o prédio ainda resiste, mas com outra função. Quem passa por ali mal imagina que entre aquelas paredes já rolou tanta história — e algumas fofocas também, é claro. Afinal, o que acontecia no Centenário ficava no Centenário... ou não.
Para os saudosistas, resta a memória — e quem sabe um ou outro objeto de época guardado como relíquia. Um cartão de sócio amarelado, uma foto desbotada, um convite para algum baile especial. Pequenos tesouros que contam grandes histórias.