Escola de arte no Vidigal transforma realidade de crianças em meio à violência
Arte como refúgio para crianças do Vidigal no Rio

Enquanto o Rio de Janeiro enfrentava mais um episódio de violência extrema no final de outubro, um projeto social no Vidigal oferecia um oásis de criatividade e esperança para crianças da comunidade. A comparação com a situação em Gaza surgiu como um alerta sobre a gravidade dos conflitos urbanos que assolam a cidade.

O contraste entre dois mundos

No dia 28 de outubro, as comunidades da Maré e da Penha viveram momentos de terror que ultrapassaram todos os limites do suportável. Para os moradores de favelas, a violência se traduz em feridos e mortos, enquanto para as classes mais privilegiadas significa apenas susto e silêncio.

Foi pensando em diminuir essa distância social que a jornalista Patrícia Secco decidiu agir. Após retornar ao Brasil em 2014, ela não descansou até concretizar seu sonho de fazer uma contribuição prática para transformar realidades.

Um espaço de cores no morro

Com a ajuda do amigo Laelson, que conseguiu um espaço no Vidigal, Patrícia iniciou um projeto que transforma quartas-feiras em dias especiais para crianças de 5 a 13 anos. A comunidade, que divide as zonas sul e oeste do Rio, ganhou um ateliê onde a criatividade floresce.

"São duzentos metros de subida no morro que valem por uma vida de aprendizado", reflete a idealizadora do projeto. "Cada criança carrega uma história mais dura que a outra, mas no ateliê elas encontram conforto e segurança".

Sonhos que não envelhecem

As aulas de arte se tornaram um refúgio onde as crianças mergulham no mundo da fábula e pintam sonhos coloridos. Misturam aquarela, acrílico e lápis de cor enquanto seus olhares brilham mais que qualquer céu carioca.

No espaço montado com carinho, cada criança cria seu próprio universo. Naquele momento mágico, tudo se torna possível. A arte se transforma em escudo protetor e instrumento de redenção, onde as armas são gestos de amor e criatividade que disparam flores.

Para Patrícia, as quartas-feiras no Vidigal são uma troca constante. "Passo o dia com elas e reaprendo que a vida é boa, sim. Que presta, sim. Que vale a pena, sim", emociona-se. À noite, adormece leve como se estivesse sobre uma nuvem, com sonhos que viram histórias em quadrinhos e, como os do querido Lô Borges, não envelhecem jamais.

O mural da escola de arte no Vidigal agora exibe os trabalhos dos pequenos artistas, testemunhando que mesmo nos cenários mais desafiadores, a esperança e a beleza podem florescer através das mãos das crianças e do poder transformador da arte.