Última Homenagem a Gisele Santoro: Velório da Bailarina Histórica Será no Teatro Nacional de Brasília
Velório de Gisele Santoro no Teatro Nacional

O coração da cultura brasiliense está em luto. Gisele Santoro, aquela mulher que literalmente dançou pela história do nosso Teatro Nacional, vai receber sua última homenagem justamente no palco que tantas vezes testemunhou sua graça e talento. Sim, o velório será neste sábado (11), das 10h às 14h, no próprio Teatro Nacional - um daqules gestos carregados de simbolismo que nos fazem refletir sobre o ciclo da vida.

Morreu aos 63 anos, na última quinta-feira. E sabe o que é mais curioso? Ela não estava mais nos palcos profissionalmente, mas nunca realmente abandonou a dança. Continuava dando aulas, compartilhando seu conhecimento com as novas gerações - um verdadeiro legado em movimento.

Uma vida entre piruetas e história

Quando falamos de Gisele, não estamos falando de qualquer bailarina. Ela era a primeira. A primeira bailarina do corpo de baile do Teatro Nacional, para ser mais exato. Imagina só a responsabilidade - e a honra - de abrir caminho para tantos outros artistas que viriam depois.

E pensar que tudo começou com uma menina que simplesmente amava dançar. Ela integrou a Companhia Brasileira de Balé e, posteriormente, a Companhia de Dança do Teatro Nacional. Não foi apenas uma carreira - foi uma missão, quase uma vocação sagrada.

O palco como testemunha

O Teatro Nacional não será apenas um local para o velório. Será uma espécie de retorno à casa, um reencontro com a própria história. Quantas memórias aquelas paredes guardam dela? Quantos aplausos ecoaram por sua causa?

É como se o universo da dança estivesse organizando seu próprio ritual de despedida. O corpo será velado no foyer do teatro - aquele espaço que tantas vezes viu Gisele esperando nos bastidores, com aquela mistura de nervosismo e empolgação que só os artistas verdadeiros conhecem.

Depois do velório, o cortejo segue para o Cemitério Campo da Esperança, em Taguatinga. O nome não poderia ser mais apropriado, não é mesmo? Campo da Esperança - como se a própria natureza estivesse sussurrando que a dança nunca realmente termina, apenas muda de ritmo.

O silêncio depois da música

A família pede doações para o Instituto do Câncer de Brasília em vez de flores. Um pedido simples, mas que diz muito sobre o caráter de quem faz parte dessa história. Até na despedida, o pensamento está no próximo.

E assim a cidade para por algumas horas. O teatro que normalmente vibra com música e movimento ficará em silêncio reverente. Os holofotes que iluminavam uma artista agora testemunham sua jornada final. É triste, é doloroso, mas de alguma forma - e me perdoem o romantismo - parece poeticamente correto.

Gisele Santoro não foi apenas uma bailarina. Foi parte da alma cultural de Brasília. E neste sábado, a cidade inteira - não apenas familiares e amigos - perde um pedaço de sua história.