"Os Enforcados": Um Thriller Tragicômico que Expõe as Máscaras da Elite Carioca
Thriller tragicômico expõe elite carioca no teatro

Imagine uma sala de jantar chique, cristais brilhantes e conversas afiadas como facas. Agora adicione um cadáver balançando no lustre. É assim que começa Os Enforcados, a nova peça que está dando o que falar nos teatros da Zona Sul do Rio.

Um Jantar que Vira Pesadelo

O diretor — vamos chamá-lo de M. para manter um ar de mistério — explica com os olhos brilhando: "É como se Dorothy Parker escrevesse um episódio de Black Mirror depois de três martinis." A trama? Sete amigos da alta sociedade se reunem para um jantar que descamba em confissões explosivas e... bem, enforcamentos.

Não é spoiler: o título já entrega. A graça está no como e no porquê. E principalmente naquelas pitadas de humor que fazem você rir antes de pensar "nossa, isso é sombrio".

Crítica Social com Luva de Pelica

O elenco — todo ele com sobrenomes que você já viu em colunas sociais — parece ter se divertido horrores satirizando seu próprio meio. "Tem um personagem que vive postando frases motivacionais no Instagram enquanto sonega impostos", solta o diretor, rindo. A plateia ri também, mas alguns torcem o nariz. Sinal de que a facada acertou o alvo.

  • Cenas que alternam entre diálogos afiados e silêncios constrangedores
  • Referências à política brasileira disfarçadas de piadas de botequim
  • Um twist final que deixa o público dividido entre aplaudir e chamar a polícia

E tem mais: a cenografia é um personagem à parte. "Quisemos aquela decadência dourada, sabe? Como um Copacabana Palace depois de três gerações de herdeiros gastadores", filosofa M., acendendo um cigarro imaginário.

Público Entre o Riso e o Desconforto

Na estreia, dizem que um casal saiu no meio. "Ótimo sinal", comemora o diretor. "Significa que cutucamos onde dói." Já a crítica especializada está dividida entre chamar a peça de "brilhante sátira" ou "exercício de crueldade burguesa" — o que, convenhamos, só prova que a coisa funciona.

Uma coisa é certa: depois dessa peça, você nunca mais vai olhar para um jantar de elite da mesma forma. E talvez pense duas vezes antes de aceitar aquele convite para tomar champanhe no Jardim Botânico...