Nada como uma noite de cultura para sacudir a poeira da rotina - e em Presidente Prudente, essa sacudida veio com força total. A peça 'A Terceira Margem do Rio', sabe? Aquela história densa do Guimarães Rosa que a gente estuda no colégio e nem sempre entende direito... pois é, ela ganhou vida no palco do Teatro Municipal numa sexta-feira que ficará na memória.
E o melhor: de graça! Sim, você leu certo. A prefeitura bancou os ingressos, porque cultura não é privilégio, é direito. E olha, o povo abraçou a ideia com unhas e dentes. Uma fila que parecia não ter fim, gente de todo canto - jovens, idosos, famílias inteiras. Até quem normalmente não é muito de teatro deu as caras, movido por aquela curiosidade gostosa de ver algo diferente.
Uma Experiência Que Vai Além do Palco
O que me chamou atenção não foi só a qualidade da apresentação (que, diga-se de passagem, estava impecável), mas a energia do público. Tinha um casal ali na frente que não piscava, absolutamente hipnotizado. Um senhor de uns 70 anos que balançava a cabeça como quem reconhece cada nuance da história. Gente que riu, que se emocionou, que saiu diferente de como entrou.
É incrível como uma narrativa sobre escolhas, solidão e existência - temas tão pesados, né? - pode unir as pessoas assim. No final, todo mundo virou amigo de todo mundo, comentando cenas, trocando impressões. Até eu, que sou mais reservado, acabei me envolvendo numa conversa animada com um grupo que nunca tinha visto na vida.
O Poder das Artes Cênicas na Comunidade
O diretor da produção, um sujeito cheio de energia, me disse algo que ficou ecoando: "Cultura não é enfeite, é necessidade básica". E faz todo sentido, não faz? Num mundo cada vez mais digitalizado, onde tudo é tela e algoritmo, o teatro nos lembra do que é ser humano. Da respiração coletiva, daquele silêncio que fala mais que mil palavras, da emoção crua e sem filtros.
Presidente Prudente mostrou que tem fome disso. Muita fome. E iniciativas como essa - gratuitas, acessíveis, de qualidade - são como água no deserto. Alimentam a alma da cidade, criam identidade, transformam o ordinário em extraordinário.
Que venham mais espetáculos, mais histórias, mais noites de magia. Porque no final das contas, são esses momentos que tornam uma cidade não apenas um lugar para viver, mas um lugar para sentir.
