
Uma cena rara chamou a atenção de moradores e biólogos no litoral do Espírito Santo nesta semana. Uma tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), a maior espécie de tartaruga marinha do mundo, apareceu para desovar em uma praia capixaba fora do período habitual de reprodução.
Normalmente, essas gigantes do mar desovam entre setembro e março. "É extremamente incomum registrar desovas em julho", explica a bióloga marinha Ana Beatriz Silva, que acompanha o caso. "Este comportamento atípico pode estar relacionado a mudanças nas correntes marinhas ou alterações climáticas".
Monitoramento especial
A equipe do Projeto Tamar está acompanhando de perto o ninho:
- Foram identificados 102 ovos, quantidade normal para a espécie
- O local foi isolado para proteção contra predadores e curiosos
- Sensores de temperatura foram instalados para monitorar o desenvolvimento dos embriões
Espécie vulnerável
A tartaruga-de-couro está classificada como vulnerável pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza). No Brasil, sua população vem diminuindo devido a:
- Captura acidental em redes de pesca
- Poluição dos oceanos
- Destruição de áreas de desova
- Mudanças climáticas que afetam os locais de reprodução
"Cada ninho protegido é crucial para a conservação da espécie", destaca o oceanógrafo Carlos Mendes, coordenador regional do Projeto Tamar.
Orientações para a população
Os especialistas pedem que, caso encontrem tartarugas marinhas:
- Mantenham distância de pelo menos 30 metros
- Não usem luzes brancas (apenas vermelhas, se necessário)
- Não toquem nos animais ou nos ninhos
- Acionem imediatamente as autoridades ambientais