Tragédia na BR-435: Onça-pintada é encontrada morta em rodovia de Rondônia
Onça-pintada é encontrada morta na BR-435 em Rondônia

Era pra ser mais um dia comum na BR-435, aquela estrada que corta Rondônia como uma cicatriz no meio da floresta. Mas não foi. Na altura do km 95, no trecho que liga os municípios de São Miguel do Guaporé a Seringueiras, uma cena parou qualquer um que passasse por lá: um belo macho adulto de onça-pintada, estendido sem vida na beira da pista.

O bicho – que deveria estar reinando absoluto na mata fechada – estava ali, vulnerável. Com um tom amarronzado na pelagem cheia de rosetas, parecia ter caído num sono profundo. Só que esse sono não tinha volta.

Quem deu o alerta foram justamente pessoas que trafegavam pelo local. Imagina a cena: você está dirigindo, a paisagem verde passa pela janela, e de repente… aquilo. Um animal magnífico, símbolo da nossa biodiversidade, reduzido a uma estatística triste. Ligações começaram a chover no Batalhão de Polícia Ambiental.

Os militares compareceram rapidamente – e confirmaram o pior. A onça já não respirava mais. Não havia sinais de violência, nada de armas de fogo ou armadilhas. Tudo indica, segundo os primeiros levantamentos, que foi mesmo um atropelamento. Aquela velha e repetida tragédia do asfalto versus floresta.

O corpo do animal foi recolhido e encaminhado para… bem, para onde esses casos costumam ir: análise. O Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Silvestres (CEMPAS) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul vai fazer a necropsia. Querem saber exatamente o que aconteceu – e até coletar material genético, porque sim, cada perda dessas é um baú de informações que some.

Não é a primeira. Infelizmente, não será a última.

Rondônia, assim como outros estados da Amazônia e do Pantanal, vive um conflito permanente. De um lado, estradas necessárias; do outro, animais que simplesmente não entendem o perigo que vem com o asfalto. Onças, antas, capivaras, jacarés… a lista de vítimas é longa e dolorosa.

Especialistas já cansaram de alertar: precisamos de medidas mais efetivas. Passagens de fauna subterrâneas ou aéreas, redutores de velocidade sinalizados, campanhas de conscientização… algo tem que ser feito. Porque ver uma cena dessas é de cortar o coração – e pior, é cada vez mais comum.

Enquanto isso, aquele macho de onça-pintada vira mais um número. Um número que dói. E que serve de alerta – será que a gente está mesmo prestando atenção?