
A natureza, sabe como é, às vezes nos prega sustos que viram histórias de superação. E essa aqui é daquelas que emociona até o mais cético dos biólogos.
Imagine a cena: uma onça-pintada, majestosa como só ela, é encontrada ferida às margens do Rio Negro. Tinha levado um tiro - desses que a gente nunca sabe explicar direito de onde vêm. O bicho, que deveria estar no auge da força, mal conseguia se mover.
O resgate que virou esperança
O que aconteceu depois é quase um roteiro de filme. Uma equipe de resgate foi acionada, o animal foi levado para cuidados veterinários especializados. E aí, meu amigo, começou o que muitos chamariam de milagre.
"A evolução dela tem sido fantástica", conta o biólogo Sérgio Mastrazzo, com aquela voz de quem já viu de tudo, mas ainda se surpreende. "Ela já está comendo sozinha, se movimentando bem melhor. Dá até orgulho de ver."
É impressionante como a natureza tem uma capacidade de recuperação que às vezes nos humilha. A gente fica resfriado uma semana, e ela leva um tiro e em poucas semanas já está quase pronta para voltar para casa.
Contagem regressiva para a liberdade
Agora vem a melhor parte: se tudo continuar nesse ritmo, em até 30 dias essa guerreira estará de volta à floresta. É como se estivéssemos naquela fase final de uma reabilitação - aquela ansiedade gostosa de ver alguém que a gente cuidou voltando para onde sempre pertenceu.
Mastrazzo, que é daqueles profissionais que falam com os olhos brilhando, explica que o processo todo está sendo acompanhado minuciosamente. "Ela precisa recuperar totalmente a mobilidade e mostrar que consegue caçar sozinha. São coisas que a gente observa com atenção quase maternal."
O que me faz pensar: quantas histórias como essa acontecem todos os dias na Amazônia sem que a gente fique sabendo? Quantos animais são resgatados, tratados e devolvidos à natureza por pessoas que trabalham quase no anonimato?
Um recado da natureza
Essa história da onça do Rio Negro serve como um daqueles lemretes que a vida nos dá de vez em quando. Mostra que, mesmo com toda a destruição, ainda há esperança para nossa fauna.
E sabe o que é mais bonito? É imaginar que em breve, quem sabe numa dessas noites de lua cheia na Amazônia, essa mesma onça estará percorrendo livremente as matas que sempre foram seu lar. Uma vitória não só para ela, mas para todos nós que ainda acreditamos na capacidade de regeneração do nosso planeta.
Fica a torcida - e a lição. A natureza, quando a gente dá uma chance, sabe muito bem como se recuperar.