
Era para ser mais um dia tranquilo às margens do rio em Ariri, no Amapá. Mas o que os moradores encontraram naquela manhã de quinta-feira (15) deixou todos de cabelo em pé. Botos-cor-de-rosa — aqueles seres quase míticos da Amazônia — apareceram mortos, com marcas de violência explícita. Não foi acidente. Não foi doença. Alguém fez questão de transformar a cena num pesadelo.
"A gente nunca viu coisa igual", conta Raimundo Silva, pescador há 40 anos na região, com a voz ainda trêmula. "Eles estavam ali, jogados como lixo. Alguns até mutilados." O cheiro de sangue misturado com água do rio atraiu urubús antes mesmo dos humanos notarem o crime.
Um crime que não ficará impune?
O Ibama já foi acionado — e diga-se de passagem, com certa urgência. Afinal, estamos falando de uma espécie icônica da biodiversidade brasileira, protegida por lei desde os anos 80. Matar boto não é só crueldade: é crime federal com pena de até 4 anos de cadeia.
Mas quem faria isso? Eis o mistério que ronda Ariri:
- Pescadores ilegais? (Dizem por aí que alguns usam carne de boto como isca)
- Caçadores de troféus? (Sim, esse absurdo ainda existe)
- Ou simplesmente vandalismo ambiental sem sentido?
Enquanto isso, a comunidade se organiza. "Não vamos ficar de braços cruzados", avisa Maria dos Santos, líder comunitária. Já tem mutirão marcado para monitorar os rios da região. Até drone querem usar — coisa que, convenhamos, nunca imaginariam precisar.
O grito silencioso dos botos
Os cientistas alertam: cada boto morto é um golpe na frágil teia ecológica da Amazônia. Esses animais não são só bonitos — são "engenheiros" do ecossistema. Controlam populações de peixes, espalham sementes... enfim, trabalham mais que muito político por aí.
E agora? Agora é esperar as investigações — e torcer para que esse caso não vire mais uma estatística esquecida. Porque no fim das contas, quando matam um boto, estão matando um pedaço da Amazônia. E isso, meus amigos, deveria doer em todos nós.