Ataque de Onça no Pantanal: Homem Relata Sensação de 'Tapa Muito Forte' nas Costas
Ataque de onça no Pantanal: homem relata sobrevivência

Imagine a cena: um pescador tranquilo, curtindo seu ofício nas águas serenas do Pantanal, quando do nada... um impacto violento nas costas que ele descreve como "um tapa muito forte". Foi assim, sem qualquer aviso, que a rotina pacata de Edimilson de Souza, de 42 anos, se transformou num pesadelo de sobrevivência.

O que parecia ser mais um dia comum de pescaria no Rio Negro, na região de Aquidauana, virou uma história que ele vai contar pelo resto da vida. "Eu estava pescando normalmente, concentrado no que fazia, quando senti aquela pancada seca nas costas", relembra o pescador, ainda visivelmente abalado pelo susto.

O Momento do Ataque

Aconteceu na última sexta-feira, por volta das 14h30 - horário em que o sol castiga forte no Pantanal. Edimilson estava distraído com seus apetrechos de pesca quando a onça-pintada decidiu atacar. "Não deu tempo de pensar, de reagir, foi tudo muito rápido", conta ele, com a voz ainda tremula pela adrenalina que deve ter circulado naquele momento.

O animal - que os especialistas estimam ser um macho adulto - simplesmente surgiu do nada. Ou melhor, da vegetação densa que margeia o rio. E partiu para cima sem cerimônia. "Senti as garras, a força do bicho... foi assustador, para ser sincero."

A Fuga Milagrosa

Aqui vem a parte que parece roteiro de cinema: mesmo ferido, com arranhões profundos nas costas e no braço direito, Edimilson teve a presença de espírito de se jogar na água. Sim, na água - justo onde poderiam haver outros perigos, como jacarés e piranhas.

"Melhor enfrentar o que tinha no rio do que ficar ali parado sendo alvo da onça", raciocina ele, com uma lógica que só quem passou por situação extrema consegue entender. A estratégia, contra todas as expectativas, funcionou. A onça não o seguiu na água, permitindo que ele nadasse até um local mais seguro.

O Resgate e os Ferimentos

Colegas de pescaria que estavam nas proximidades ouviram os gritos e correrem para ajudar. O socorro foi rápido, graças a Deus. Edimilson foi levado primeiro para a cidade de Aquidauana e depois transferido para Campo Grande, onde recebeu atendimento especializado no Hospital Universitário.

Os médicos constataram ferimentos compatíveis com ataque de felino de grande porte: arranhões profundos e algumas mordidas, mas nada que colocasse sua vida em risco. Sorte? Talvez. Ou talvez a experiência de quem vive no Pantanal e sabe, no instinto, como reagir nessas horas.

O Que Dizem os Especialistas

Biólogos que atuam na região explicam que ataques assim são raros - mas não impossíveis. Onças-pintadas são animais territorialistas e, em algumas situações específicas, podem ver humanos como ameaça ou, em casos mais incomuns ainda, como presa.

"O Pantanal é o habitat natural delas, não esqueçamos disso", pondera um ambientalista que prefere não se identificar. "Quando invadimos o espaço delas, mesmo sem querer, coisas assim podem acontecer."

O fato é que Edimilson de Souza se tornou mais uma estatística - daquelas que ninguém quer fazer parte. Mas, diferente de muitas histórias que terminam em tragédia, a dele teve um final feliz. Com ferimentos que vão cicatrizar e uma história para contar - daquelas que rendem rodadas de cerveja pelo resto da vida.

"Aprendi que na natureza, por mais experiente que você seja, sempre pode acontecer algo inesperado", reflete o pescador, já com um sorriso meio sem graça. "Mas confesso que vou pensar duas vezes antes de pescar sozinho no mesmo lugar."