
A cena foi digna de filme de ação — mas, infelizmente, era a pura realidade das ruas de Salvador nesta quinta-feira. Um homem, suspeito de integrar um grupo especializado em arrastões, descobriu na pele o que acontece quando a paciência do povo acaba.
Por volta das 10h, no bairro do Comércio (aquele mesmo que vive cheio de turistas deslumbrados), o tal sujeito achou que seria mais um dia fácil de trabalho. Errou feio. Ao tentar roubar uma senhora que voltava do mercado — com aquela sacola pesada de quem fez feira do mês —, ele não contava com a reação imediata dos transeuntes.
O estopim
Testemunhas relatam que tudo começou com um grito. "Ele pegou a bolsa da dona Maria, deve ter pensado que era só correr. Mas esqueceu que aqui o povo tá cansado de ser trouxa", contou um vendedor ambulante, ainda arrepiado.
O que se seguiu foi um verdadeiro corre-corre. O meliante, que segundo informações tinha entre 20 e 25 anos, tentou fugir pela Rua Chile, mas foi interceptado por um grupo de pelo menos 15 pessoas. E aí, meu amigo... A coisa descambou.
- Primeiro veio o empurrão
- Depois, um soco que fez o cara cambalear
- Em segundos, estava no chão, recebendo chutes de todos os lados
"A gente só quer andar na rua em paz, né? Tá difícil!" — essa foi a frase mais ouvida no local, dita com aquela mistura de raiva e cansaço que só quem vive sob constante ameaça conhece.
A chegada da polícia
Quando a PM finalmente chegou (uns bons 15 minutos depois, segundo os relatos), o suspeito já estava bem machucado. Sangrando no rosto, roupas rasgadas, aquele ar de "me arrependi amargamente das minhas escolhas".
Os policiais tiveram que conter a multidão — ironicamente, protegendo o mesmo indivíduo que minutos antes ameaçava a segurança de todos. "É complicado, a gente entende a revolta, mas justiça com as próprias mãos não é o caminho", disse um dos PMs, com aquele tom de quem já repetiu essa frase centenas de vezes.
O caso reacende o debate sobre a escalada da violência em Salvador. Só neste ano, os arrastões aumentaram 27% na capital baiana, segundo dados da SSP. E o povo? Bem, o povo parece ter decidido que, se o Estado não dá conta, eles mesmos resolvem.
Psicólogos alertam para o perigo dessa "justiça popular". "É um ciclo vicioso: violência gera mais violência", explica a Dra. Ana Lúcia Mendes. Mas tenta explicar isso para quem teve o celular roubado três vezes no mesmo mês...